Henrique Raposo

A tempo e a desmodo

Henrique Raposo

O feminismo é conservador

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A esquerda americana está agora a descobrir que o feminismo acaba por auxiliar uma visão conservadora da sociedade. Ainda há dias a “New Yorker” falava desta “estranha ligação”. E, de facto, “feministas” e “conservadores” ficam um pouco confusos. Confesso que não entendo a confusão, sobretudo no caso dos conservadores, que deviam ser os principais defensores daquilo que se apelida “feminismo”.

O problema é que muitos homens alegadamente de direita não são conservadores nem prezam a família. Prezam o machismo

Os temas que - por preguiça e machismo escondido - continuam a ser arrumados na gaveta do “feminismo” são, na maior parte das vezes, assuntos referentes à família. Dou só dois exemplos: a igualdade das mulheres no trabalho e, para ser ainda mais concreto, os hábitos de trabalho que dificultam a conciliação da vida profissional e da vida familiar das mulheres. O hábito dos almoços longos e tardios, o hábito das reuniões às sete da tarde, o hábito de sair tarde do trabalho – tudo isto dificulta a vida das mulheres – é esta a narrativa “feminista”. Sucede que isto não dificulta apenas a vida das mulheres, dificulta a vida de toda a gente, homens e mulheres, filhos e filhas, avós e avôs, netos e netas. Não dificulta apenas a vida das mulheres, dificulta a vida da família, célula base da sociedade.

É por isso que não entendo a distância entre os homens de direita e esta agenda dita feminista. Porque não é feminismo vs. antifeminismo, é família vs. antifamília. O problema é que muitos homens alegadamente de direita não são conservadores nem prezam a família. Prezam o machismo, o que é coisa diferente.