O primeiro grande avião comercial a jato, que a Boeing construíra em segredo, estreou-se a 15 de Julho de 1954 - o “Dash 80”. Embora tivesse sido realizado um voo pioneiro em 1939, por um aparelho militar alemão, este foi o arranque da moderna aviação comercial “para massas”
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TEXTO VERA ARREIGOSO INFOGRAFIA JAIME FIGUEIREDO
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Os passageiros que embarcarem esta terça-feira num avião comercial em qualquer parte do mundo estarão, sem o saber, a participar numa das mais importantes páginas da história da aviação moderna - o mundo aeronáutico celebra os 60 anos do primeiro voo de uma aeronave civil “para massas” movida a jato.
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Para os milhões de viajantes, o facto é talvez irrelevante, mas foi graças à sua existência que hoje podemos voar à volta do mundo e até sobrevoar o globo. Os avanços tecnológicos têm aperfeiçoado os motores a turbina de gás, vulgo jato, mas ainda estão longe de revolucionar o principio técnico, descoberto pela engenharia militar.
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Como aconteceu com muitas inovações que agora são parte do quotidiano, os motores a turbina de gás surgiram entre as duas guerras mundiais, pela mão de dois engenheiros de origem alemã e inglesa. Ao contrário dos motores alternativos até aí dominantes em que o combustível é utilizado para gerar energia capaz de mover um hélice, desenharam um dispositivo só com partes rotativas.
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Significa isto que o ar da atmosfera entra pela frente do motor e é comprimido para uma câmara de combustão. Ali, é-lhe adicionado combustível para que possa inflamar e expandir-se. Após expandido, esse ar já transformado em gases de escape é descarregado por uma turbina a grande velocidade, fazendo mover a aeronave.
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Apesar de ambos os técnicos terem idealizado este princípio de funcionamento comum a todos os tipos de motores a turbina de gás, foi a Alemanha que venceu a corrida. O primeiro voo a jato pertence a um aparelho militar alemão, em 1939. Contudo, terminada a guerra, os dois engenheiros juntaram a mestria para desenvolver e massificar as versões militares destes motores. Ainda assim, as suas descobertas só anos mais tarde viriam a ganhar relevância, com a aplicação à aviação civil.
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Foi a sua utilização no transporte aéreo de passageiros que permitiu desenvolver a aviação comercial tal como hoje a conhecemos. A primeira experiência comercial data de 1952 com o aparelho inglês “DeHavilland D.H. 106 Comet 1A” , mas foi o fabricante norte-americano Boeing que massificou os novos motores - e em segredo. Em maio de 1954, saía da fábrica de Renton, em Washington, o modelo 367-80, o protótipo do Boeing 707- o primeiro grande avião comercial a jato.
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Maio de 1954 foi tão importante que o fundador, William Boeing, então com 72 anos e já reformado, e a mulher, Bertha, foram ao local para fazer um batismo com champanhe. Quanto mais não fosse porque o aparelho tinha custado 16 milhões de dólares (quase o mesmo em euros), dois terços dos lucros acumulados pela Boeing no pós-guerra.
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Durante muito tempo, a aeronave foi conhecida pela alcunha “Dash 80” para despistar os fabricantes, fazendo-os crer que se tratava de uma nova versão da antiga aeronave a hélice “Stratofreighter”. O segredo só acabou a 15 de Julho de 1954, com o primeiro voo, cujo 60ª aniversário agora se assinala.
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Três anos depois, a 20 de dezembro de 1957, o 707 descolou. A aeronave conseguia transportar por ano os mesmos passageiros que o transatlântico britânico “Queen Mary”, mas apenas com um décimo do combustível exigido pelo navio. Estava criada uma nova dimensão na aviação comercial. Hoje, todas as companhias aéreas usam motores a jato e as versões entretanto criadas servem diferentes aparelhos civis, militares e até naves espaciais.
O primeiro grande avião comercial a jato, que a Boeing construíra em segredo, estreou-se a 15 de Julho de 1954 - o “Dash 80”. Embora tivesse sido realizado um voo pioneiro em 1939, por um aparelho militar alemão, este foi o arranque da moderna aviação comercial “para massas”