Crime

O mistério do vídeo de 18 segundos: as agressões em Lisboa que ninguém quer denunciar

Imagens de violência noturna perto de um estabelecimento de diversão noturna foram divulgadas no último domingo nas redes sociais

Imagens de violência noturna perto de um estabelecimento de diversão noturna foram divulgadas no último domingo nas redes sociais

Vídeo de agressões entre dois grupos perto da entrada de uma discoteca da zona ribeirinha envolto em mistério: ninguém apresentou queixa e poucos parecem interessados em dar pistas às autoridades sobre o que se passou naquela madrugada. Um dos intervenientes é um segurança ilegal

Texto Hugo Franco

São ainda demasiadas as incógnitas sobre o conteúdo de um vídeo de 18 segundos, filmado por um telemóvel e divulgado nas redes sociais no último domingo. Primeiro, os factos. As imagens mostram seis a oito homens a agredirem-se mutuamente com murros e pontapés, perto da entrada de uma discoteca lisboeta. Em redor, um grupo extenso assiste, sem intervir, à dura rixa.

No final do vídeo, um dos intervenientes acaba por cair desamparado. Deitado no chão, é alvo de um forte pontapé na cabeça. É o ato mais grave durante os poucos segundos de violência e que, aparentemente, fez abrandar os intervenientes. “Tá bom, tá bom c...”, grita um deles antes de o vídeo terminar.

O Expresso sabe que pelo menos um dos agressores é um segurança ilegal de uma das discotecas situadas junto ao rio Tejo. Não tem o cartão de segurança privado emitido pelo Ministério da Administração Interna, obrigatório para quem exerce aquela profissão, nem farda ou identificação. Mas costuma atuar “de forma encapotada” sempre que é requisitado para tentar resolver situações de conflito com clientes. É aquilo que na gíria da noite é designado como “o amigo do porteiro”.

Não está colocada de lado a hipótese de haver mais seguranças ilegais entre os dois grupos envolvidos. Mas uma coisa é certa: nenhum dos homens filmados enverga a farda de segurança privado.

Perante o silêncio, a PSP está a tentar identificar os visados através das imagens

Ao contrário do que tem acontecido no passado recente na noite lisboeta, desta vez a PSP não recebeu qualquer queixa ou denúncia por parte dos intervenientes ou de testemunhas no local, o que faz adensar o mistério. E já passaram três dias após a divulgação do vídeo.

Também não existe uma confirmação sobre a data da rixa mas a PSP presume que tenha ocorrido durante a última semana, poucas noites antes da filmagem por telemóvel. “O local é um pouco afastado da entrada da discoteca, não havendo imagens de CCTV naquela zona, o que dificulta as investigações”, confidencia uma fonte da PSP. “Estamos ainda a tentar identificar os visados através das imagens”, acrescenta o mesmo responsável.

Uma das pistas que as autoridades seguem para chegarem aos agressores é o registo de entradas nas urgências hospitalares nos últimos dias. Pelo menos o rapaz que foi pontapeado na cabeça parece ter ficado com ferimentos mais graves. A PSP sabe que haverá registos médicos em hospitais ou centros de saúde de Lisboa caso alguém tenha sido assistido com ferimentos localizados nessa zona do corpo. Ainda assim, há sempre a hipótese de as feridas terem sido tratadas fora do circuito hospitalar.