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BIFE COM NATAS Afinal, são bons para a saúde. Novos estudos indicam que, ao contrário do que se advoga há mais de 50 anos, a gordura saturada não é a má da fita\n
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Andei todos estes anos a mortificar-me por comer amiúde pão com manteiga e bife com natas, a pensar na saúde e nos quilos a mais, e afinal a consciência tem-me pesado em vão. No Reino Unido e nos EUA, o tema está a dar que falar. Nos últimos meses, várias vozes apontam no mesmo sentido: foi um erro andar a fugir das gorduras saturadas, que afinal até são saudáveis e podem contribuir para uma perda de peso. A estocada final em mais uma convicção geral com décadas foi dada ontem, com o lançamento do livro “The Big Fat Surprise: Why Butter, Meat and Cheese Belong in a Healthy Diet”, resultado de uma investigação de dez anos. A autora, a jornalista de ciência Nina Teicholz, era praticante de uma dieta pobre em gorduras, até que aceitou escrever uma coluna de críticas a restaurante. Durante meses regalou-se a comer pratos ricos em proteínas e gorduras, e, em vez de engordar como seria de esperar, emagreceu. Isso deixou-a de tal forma intrigada que se dedicou a procurar tudo o que tinha sido escrito e dito sobre o assunto. Chegou a uma conclusão: a demonização das gorduras saturadas, plasmada nas recomendações das várias entidades máximas em nutrição, foi um erro crasso global que está a sair caro. Depois de pesquisas profundas, vários estudos científicos estão hoje a pôr em causa a ligação, dada como adquirida, entre as doenças cardíacas e as gorduras saturadas. Simplesmente não se encontra nenhuma relação de causa e efeito entre as duas coisas.
Como é que andámos enganados todos estes anos, e pior, a abdicar de prazeres como um bom entrecosto na brasa, um queijo da Serra ou uma tarte de natas? Nos últimos anos algumas verdades que pareciam inquestionáveis têm vindo a ser postas em causa em matéria de nutrição. Ao contrário do que se pensava, não basta contar calorias, porque as calorias não são todas iguais. Mil calorias de hidratos de carbono não equivalem a mil calorias de proteínas ou vegetais, nem têm o mesmo efeito no nosso corpo.
Por outro lado, a certeza tantas repetida até à exaustão pelos nutricionistas de que se deve comer de duas em duas horas tem vindo a ser veementemente criticada por vários especialistas. É o caso de Michael Mosley, por exemplo, autor do livro “The Fast Diet”, que faz a apologia do jejum periódico. A teoria é simples: é nestes períodos de jejum, a que o homem sempre esteve habituado desde os tempos de caçador recoletor, que entram em acção certas enzimas e mecanismos de limpeza do organismo que permitem desintoxicar, evitando doenças cardíacas e diabetes. Por outro lado, nos últimos anos regressou em força e virou moda a chamada dieta do Paleolítico, que surgiu nos anos 70 e defende que o homem deve comer como os seus ancestrais pré-históricos antes de ser praticada a agricultura. Ou seja, muita carne, peixe, frutos e legumes e o mínimo de cereais, lacticínios e os hidratos de carbono ou açúcares refinados. Começam agora também a ser recuperadas algumas ideias da dieta do Dr. Atkins, o famoso cardiologista que em 1972 defendeu tirar 98% da ingestão de calorias diárias de proteínas e gorduras animais, com a abolição dos hidratos de carbono.
A somar a tudo isto está a chegar-se à conclusão que, ao contrário do que se pensava, as gorduras saturadas não são perigosas para o organismo. Pelo contrário. Para 80% das pessoas com problemas cardiovasculares, essa situação está relacionada com glicémia e não com a ingestão de gorduras. A relação entre colesterol e doenças cardíacas é mais complexa do que se pensava. Já se sabe que não é apenas o LDL, ou o mau colesterol que conta, mas a relação entre o LDL e o HDL, o bom colesterol. E, segundo Nina Teicholz, há provas de que as gorduras saturadas podem aumentar o HDL e fazer diminuir os depósitos de gordura no sangue chamados triglicéridos, o que em teoria protege das doenças cardíacas.
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O que agora se defende é que, para se retirarem as gorduras das dietas e de muitos produtos processados, foram introduzidos hidratos de carbono e açúcares refinados, com efeitos bem piores no organismo do que as gorduras saturadas. A questão não é tanto se as gorduras saturadas são boas ou más, mas o que se está a comer em vez delas. Afinal, os vilões são os hidratos de carbono em excesso.
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Confuso? É natural. Mas há duas lições a retirar daqui. A primeira é que se deve evitar as abordagens proibitivas. Todas as dietas que advogam cortar radicalmente uma classe alimentar a favor da outra devem ser evitadas. Esqueça os dogmas e ponha o puro bom senso a funcionar. A segunda é que se devem evitar ao máximo os alimentos processados industrialmente e comer da forma mais simples possível. E aqui uma boa regra é esta: se a sua avó não reconhece, não coma.
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BIFE COM NATAS Afinal, são bons para a saúde. Novos estudos indicam que, ao contrário do que se advoga há mais de 50 anos, a gordura saturada não é a má da fita\n\'/>\r\n\t\t
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