Opinião
Amanhã
Henrique Monteirohmonteiro@expresso.impresa.pt

Chamem-me o que quiserem

Henrique Monteiro

E as sanções são… zero!

Isto é uma aposta de alto risco, mas eu sempre defendi que não haveria sanções a Portugal ou, caso existissem, seriam apenas simbólicas. Ou seja de zero euros. Uma espécie de cartão amarelo, que não tem consequências, a não ser para os próximos jogos.

Mantenho a convicção e tudo o que se passou na Comissão Europeia e hoje no Ecofin não a alteram. Os procedimentos são necessários, até para se chegar à decisão definitiva de não haver sanções, pelo que tudo está a correr como o previsto.

Como tenho dito, António Costa prepara-se para apresentar a não existência de sanções (ou a sua existência meramente simbólica) como um trunfo da sua diplomacia. Convenço-me que Marcelo e os partidos mais à direita farão mais ou menos o mesmo. E isto… como diz o apresentador do programa da SIC Notícias (que está presente nesta página) ‘Isto, meus senhores, é política!’

Parece que por 165 vezes não foi cumprido o défice estipulado pelos tratados assinados na Europa. Dessas, cerca de 51 foram autorizadas e as restantes 114 violações de tal modo que obrigariam a sanções para lá de qualquer dúvida. País recordista? A França! Países em segundo lugar? A Espanha, Portugal e Polónia (são números divulgados pelo Institute for Economic Research, que alerta que também o Reino Unido, a Croácia e a Grécia fazem parte da lista negra dos incumprimentos).

Temos, pois, que a França é a campeã europeia de ultrapassagem do défice, mas nós, pequenos portugueses, também aqui estamos na finalíssima. Mas se 114 violações não tiveram consequências, por que motivo, duas em concreto – as de Portugal e Espanha – têm este teatro à volta, este ano? Por um lado, houve uma alteração de regras, por outros, ambos os países, por motivos meramente eleitorais (as eleições de Outubro em Portugal e as de Dezembro em Espanha) abandonaram os esforços que vinham fazendo.

Espanha, mantendo o Governo, pode, sem esforço, comprometer-se a voltar ao rumo que já tinha traçado, mas ao Governo português custará mais, tendo em conta os apoios parlamentares anti-Tratado Orçamental. E, embora Mário Centeno esteja a fazer os possíveis para não ter sanções efetivas, sabe-se que o resultado tem muito a ver com as medidas que são apresentadas para o futuro.

Tal não quer dizer que as sanções em si sejam devidas a este Governo. Nada disso. Elas são em mais 90% responsabilidade do anterior. O problema é o trajeto económico do país.

Ora este ponto, mesmo para aqueles que se manifestaram contra as sanções, como a OCDE, não estão descansados. A política deste Governo, embora possa apresentar alguns resultados positivos tem demasiados esqueletos no armário: menos receita, mais despesa (que aumentará com a continuação da reposição dos salários na função pública) e demasiadas retenções que atiram pagamentos do Estado para o futuro.

Por isso, não são as sanções o grande teste de Costa. Será, isso sim, o Orçamento para 2017 que em Outubro Bruxelas analisará nos seus grandes traços.

Volto a dizer que não creio que haja sanções, mas – e ainda que se metam as férias pelo meio – passada a euforia da vitória no Euro regressámos à malfadada história das contas que nos atormentam. E continuarão a atormentar.

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Amanhã

CONCERTO

FRANCES NO COOLJAZZ

A cantora britânica, de 23 anos, apresenta-se amanhã no festival EDPCoolJazz. O concerto, marcado para as 21h30, é nos Jardins Marquês de Pombal, em Oeiras, e os bilhetes para ver e ouvir a intérprete do sucesso 'Glow' têm o custo de €25.

CONCERTOS

SAMUEL ÚRIA NOS 27 ANOS DA RUM

O músico tem dois espetáculos marcados para esta semana, inseridos na comemoração do 27º aniversário da Rádio Universitária do Minho. O primeiro esta quarta-feira, no Instituto de Design de Guimarães/Bar da Ramada, às 21h30, e o segundo está marcado para a Feira do Livro de Braga, na quinta-feira, às 22 horas. A entrada é gratuita.

OLHAR O CÉU

UMA NOITE COM AS ESTRELAS

Nem só de pop stars se faz o mundo e as verdadeiras estrelas podem ser vistas esta quarta-feira, a partir do Observatório Astronómico de Santana, em São Miguel, nos Açores. A atividade, disponível por marcação, começa pelas 21 horas e tem o custo de €5.

FILMES-CONCERTO

TINDERSTICKS NO CURTAS VILA DO CONDE

O grupo britânico Tindersticks vai apresentar esta quarta-feira, ao vivo no festival, o filme-concerto “The Waiting Room”. Em duas sessões (às 20h e às 22h), o filme é composto por várias curtas-metragens que ilustram as faixas do novo álbum. Numa segunda parte, haverá também tempo para revisitar alguns dos temas que marcaram os 25 anos de carreira do grupo. Ainda há bilhetes para o segundo balcão, disponíveis por €12.