INQUÉRITO PARLAMENTAR
\n\nPSD e CDS bloqueiam audição de figuras-chave nos contratos militares
\n\nTEXTO MICAEL PEREIRA
\n\n\r\n\r\n\r\nA comissão que investiga a compra de submarinos e outros negócios militares arranca com uma ronda de inquirições aos chefes atuais das forças armadas e a ex-ministros da Defesa, mas diretores-gerais de armamento foram postos de parte pela maioria
\n\nEm fevereiro de 2005 o ministro da Defesa era Paulo Portas mas foi um general, Fernando de Campos Serafino, que assinou em nome do Estado português o contrato de aquisição de 260 carros de combate Pandur por 345 milhões de euros. Essa compra é um dos negócios, a par da venda de dois submarinos a Portugal por um consórcio alemão, que tem estado a ser investigado pelo Ministério Público. No entanto, os deputados do PSD e do CDS que fazem parte da comissão de inquérito parlamentar criada para escrutinar todos os grandes negócios da Defesa na última década acham que não é preciso ouvir Campos Serafino.
\n\nOs membros do PSD e do CDS na comissão de inquérito apresentaram e fizeram aprovar esta semana um requerimento para impedir a audição de todos os militares no ativo que não sejam os atuais chefes de Estado-Maior dos três ramos das forças armadas. “São eles que representam a hierarquia militar e consideramos que o mais relevante é ouvir o que têm a dizer sobre esses contratos que foram feitos”, justifica Filipe Lobo d’Ávila, deputado do CDS.
\n\nÉ precisamente com um desses chefes, o responsável pelo Exército, que a comissão inaugurou uma primeira ronda de audições, esta sexta-feira à tarde. Carlos Jerónimo é chefe de Estado Maior do Exército desde fevereiro deste ano, mas em 2005, quando foram adquiridas as Pandur para o Exército, era apenas segundo comandante da Brigada Aerotransportada Independente.
\n\nOs chefes de Estado-Maior da Armada e da Força Aérea vão ser ouvidos na próxima terça-feira e nos dias seguintes será a vez dos ex-ministros da Defesa, incluindo Paulo Portas, cuja audição está agendada para daqui a uma semana.
\n\n“Por não se afigurar pertinente e necessário”
\n\nAtual comandante da Brigada de Reação Rápida do Exército, o major-general Campos Serafino era o diretor-geral de armamento em 2005. A Direção-Geral de Armamento era a entidade, dentro do Ministério da Defesa, que coordenava todos os contratos de compra de equipamentos militares.
\n\nAs audições de Campos Serafino, de outro ex-diretor-geral de Armamento, o vice-almirante Carlos Viegas Filipe, e do major-general Manuel Gravilha Chambel, que ocupa atualmente o cargo, todas elas propostas pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, ficam de fora.
\n\nNo requerimento apresentado e aprovado pelo PSD e pelo CDS pode-se ler: “Por não se afigurar pertinente e necessário, bem como para salvaguarda e preservação da instituição militar que tais militares representam, tendo em conta a audição dos chefes militares e o princípio de subordinação hierárquica e respeito pela cadeia de comando das Forças Armadas, requer-se que os militares não sejam chamados a prestar depoimento, para já, nesta comissão”.
\n\nO “para já” foi incluído numa versão definitiva do texto, mas não parece alterar muito o resultado final da decisão. Com uma lista extensa de nomes para chamar e pouco tempo pela frente, todos aqueles que não constem numa primeira ronda de audições dificilmente serão ouvidos mais tarde. A comissão tem até 7 de setembro para concluir os seus trabalhos e mesmo que o prazo seja dilatado, não irá haver audições em agosto.
\n\nO deputado João Semedo, que representa o Bloco de Esquerda na comissão, diz que “não cabe ao parlamento determinar se os militares podem ou não ser ouvidos por razões de subordinação hierárquica. Isso não é um argumento. As instituições militares têm regras sobre este tipo de situações e cabe a elas decidir, depois, se alguns oficiais devem ou não ser ouvidos”. O líder do Bloco argumenta, por outro lado, que adiar a audição para uma segunda ronda é um subterfúgio. “O que é caricato é que os ex-diretores-gerais de Armamento tinham sido aprovados antes da aprovação do requerimento, no meio da lista de nomes apresentada pelo Bloco de Esquerda”.
\n\nAUDIÇÕES AGENDADAS
\n\nSexta-feira, 11 de julho
\n15:30 – Chefe do Estado-Maior do Exército, general Carlos Jerónimo.
\n\nTerça-feira, 15 de julho
\n10:00 – Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Luís Macieira Fragoso.
\n\n15:00 – Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general José Araújo Pinheiro.
\n\nQuarta-feira, 16 de julho
\n10:00 – António Vitorino, ministro da Defesa entre 1995 e 1997, no primeiro governo socialista de António Guterres.
\n\n15:00 – Júlio Castro Caldas, ministro da Defesa entre 1999 e 2001, no segundo governo socialista de António Guterres.
\n\nQuinta-feira, 17 de julho
\n10:00 – Rui Pena, ministro da Defesa entre 2001 e 2002, no segundo governo socialista de António Guterres.
\n\n15:00 – Jaime Gama, ministro da Defesa entre maio e outubro 1999, no primeiro governo socialista de António Guterres.
\n\nSexta-feira, 18 de julho
\n15:00 – Paulo Portas, ministro da Defesa entre 2003 e 2005, nos governos PSD/CDS de Durão Barroso e Santana Lopes.
\n\r\nPartilhar
POLÍCIA
\n\nOitenta médicos suspeitos de corrupção
\n\nTEXTO RUI GUSTAVO e VERA LUCIA ARREIGOSO
\n\r\n\r\n\r\nEm cinco anos, os médicos, quase todos otorrinos, terão recebido dinheiro, prendas e viagens no valor de mais de 400 mil euros.
\n\nA Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ terminou hoje uma investigação que reuniu indícios suficientes contra oitenta médicos suspeitos de corrupção.
\n\nSegundo um comunicado da PJ, entre 2007 e 2012, estes oitenta arguidos do processo terão recebido prendas, bens de consumo, dinheiro e viagens para receitarem aparelhos médicos de três laboratórios que se dispunham a pagar para serem escolhidos.
\n\nSegundo uma fonte próxima do processo, os envolvidos são especialistas em otorrinolaringologia, do Serviço Nacional de Saúde e do Privado, e receberiam os subornos para prescrever aparelhos auditivos de uma determinada marca.
\n\nO valor total das ofertas é superior a 400 mil euros e houve médicos que terão recebido viagens no valor de cinco mil euros. Para além dos médicos, também há um três funcionários dos laboratórios que foram constituídos arguidos.
\n\nO presidente do Colégio de Otorrinolaringologia da Ordem dos Médicos lamenta o caso. "A comporovar-se que tenha acontecido algum procedimento menos claro entendo que as autoridades devem atuar em conformidade. No entanto posso dizer que já tinha ouvido falar deste caso e que há situações que são um exagero e algumas até rídiculas". afirma Artur Sousa Condé.
\n\r\nPartilhar
EDUCAÇÃO
\n\nInglês obrigatório no 3.º ano a partir de 2015
\n\nTEXTO JOANA PEREIRA BASTOS
\n\n\r\n\r\n\r\nMinistério da Educação vai abrir um concurso extraordinário para professores já no próximo ano.
\n\nMinistro da Educação Nuno Crato anunciou hoje que o ensino do Inglês passará a ser obrigatório a partir do 3º ano de escolaridade já no ano letivo de 2015/2016.
\n\nNa sessão de apresentação dos resultados do teste “Key For School\'s” − concebido por Cambridge e realizado este ano, em Portugal, pela primeira vez − Crato explicou que a disciplina terá uma carga horária de duas horas semanais no 1.º ciclo e poderá ser lecionada por professores de Inglês dos outros níveis de escolaridade, desde que venham a adquirir uma formação específica para o efeito.
\n\nOs professores interessados, que poderão ser docentes do 1.º ciclo, terão de obter formação e certificação para dar aulas às crianças do 3.º e 4.º anos e candidatar-se a um novo concurso extraordinário de professores que abrirá no próximo ano.
\n\nSegundo os resultados hoje apresentados, o teste realizado pelos alunos do 9.º ano revelou “níveis preocupantes de domínio da língua inglesa”. Cerca de metade dos alunos demonstraram ter apenas um conhecimento elementar, ou muito elementar da língua.
\n\r\nPartilhar
MÁRIO SOARES
\n\nSoares receia "o fim da Terra como a conhecemos"
\n\nTEXTO PEDRO CORDEIRO
\n\n\r\n\r\n\r\nAo lançar mais um livro, o ex-Presidente da República celebrou a amizade e não falou muito de política interna, preferindo alertar para os riscos que o planeta corre.
\n\nMário Soares teme "o fim da Terra como a conhecemos" e pensa que devemos ouvir os cientistas que alertam para os riscos que o planeta corre. "É de uma gravidade espantosa!", afirmou ontem o antigo Presidente da República, na apresentação do seu livro "Em defesa do futuro" (editora Temas&Debates), que reúne artigos de imprensa e entrevistas que vão de outubro de 2013 até ao momento atual.
\n\nO autor considera que os perigos ambientais vêm de uma globalização que se tornou um "fenómeno absurdo". "Aqueles que não pensam no futuro da nossa Terra contribuem para a pôr em risco", acusou, chamando a atenção para nevões, furacões e outros fenómenos climáticos extremos. "O que é que pensam? Só querem ganhar dinheiro e nem percebem que serão as primeiras vítimas!", exclamou.
\n\nAlém dos textos que escreve regularmente na imprensa, o livro inclui entrevistas dadas "a muita gente, franceses, americanos, espanhóis, até alemães!", explicou o autor, fazendo rir uma sala cheia do Centro Cultural de Belém. Também falou a meios de comunicação iranianos e coreanos, sublinhou.
\n\nDe cravo ao peito, Soares confessou-se "deslumbrado" pela assistência. "Sempre tive o culto da amizade", assumiu, garantindo que, se nem todos os amigos o trataram bem, a amizade de outros foi "além do que imaginava". Além da mulher, Maria Barroso, dos filhos João e Isabel e de três dos cinco netos, Soares teve a aplaudi-lo muitos amigos de vários quadrantes políticos.
\n\nNa plateia estavam socialistas como Pedro Coelho, Almeida Santos ou Edite Estrela; a presidente da Assembleia Municipal e Lisboa, Helena Roseta; os sociais-democratas Francisco Pinto Balsemão e Ângelo Correia; o embaixador Seixas da Costa; a cientista Maria de Sousa; o sociólogo Bruto da Costa; a escritora Lídia Jorge; os presidentes da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, da agência Lusa, Afonso Camões, e da Fundação José Saramago, Pilar del Río.
\n\nCrença profundamente no povo
\n\nSoares não falou muito de política interna - coisa rara - mas repetiu que acredita "profundamente" no povo português, embora haja quem tudo faça para "arrasar o nosso próprio país". O filósofo Viriato Soromenho Marques, que apresentou a obra e a prefaciou, sublinhou que Soares deixou uma "marca em várias gerações" e que a "aprendizagem democrática em Portugal" passa pelo ex-chefe de Estado, contra quem contou ter escrito muitos artigos em jovem, quando militava na extrema-esquerda. "O seu prefácio é mais interessante do que o livro", retribuiu Soares.
\n\nPara Soromenho Marques, o ex-Presidente é um "político por vocação", algo "criticamente escasso" nos nossos tempos. Sobre a obra, destacou quatro temas - Europa, democracia, paz (sempre a par da justiça) e ambiente. Lembrou que este assunto não é recente na paleta de Soares, que em 1994 organizou uma presidência aberta sobre temas ecológicos. "Antecipar o perigo antes que ele se instale" é uma das qualidades que vê no veterano político.
\n\nPrevendo, a respeito da crise, que "o pior ainda está para vir", o filósofo elogiou Soares, que fará 90 anos em dezembro, por "ultrapassar as resistências físicas" em nome daquilo em que acredita. "O país precisa que não arrisque a saúde", concluiu, mas "a autopreservação não está na sua natureza".
\n\r\nPartilhar
DÍVIDA PÚBLICA
\n\nBessa acusa Constâncio de ser o mentor do “terrorista” Sócrates
\n\nTEXTO ABÍLIO FERREIRA
\n\n\r\n\r\n\r\nAntigo ministro da Economia acusa Constâncio de ser o mentor do “terrorista” Sócrates, que despenhou Portugal.
\n\nDaniel Bessa, ex-ministro da Economia e diretor geral da Cotec, comparou Vítor Constância (sem nunca citar o nome) de ser o mentor da política “terrorista” de José Sócrates, acusando o ex-governador do Banco de Portugal de ser o principal culpado do desastre financeiro de Portugal.
\n\nNuma intervenção em que comentou uma conferência no Porto do atual governador sobre os Desafios do Crescimento Económico, Bessa comparou Sócrates ao “egípcio que tomou os comandos do Boeing e embateu nas terras gémeas”. No avião, “estávamos nós todos, os 10 milhões de portugueses”. Mas, se reconhece que Sócrates “poderia ter mudado a trajetória e evitado o desastre financeiro”, a verdade é que o principal responsável da “nossa desgraça” é um banqueiro central “que funcionou como mentor, proclamando \'endividai-vos até à morte\'”. O professor nunca citou o nome de Constâncio, mas tornou claro que se referia ao antecessor de Carlos Costa.
\n\nO mentor e o executante
\n\nJá o Boeing estava em pleno voo quando Sócrates, seguindo um guião que “começara lá atrás com outro engenheiro” sentou-se ao comando, “acelerou quanto pôde e enfiou-se contra as torres gémeas”, comentou Bessa. Mas, a responsabilidade maior “é do mentor, não do executante”, comentou com acinte.
\n\nBessa explicou que, tal como se ensina nas escolas, Constâncio considerou que uma pequena economia aberta, integrada no espaço do euro, “não teria restrições financeiras” e se poderia endividar sempre sem prémio de risco.
\n\nNa sua conferência, Carlos Costa usaria a imagem do chefe de uma coluna em corrida para definir a função de um banqueiro central face aos incentivos à procura interna. O chefe da coluna “tem de saber parar a tempo, em condições de segurança, evitando a queda no precipício”.
\n\nNo debate promovido pela Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial (APGEI), Daniel Bessa defendeu o fim do IRC porque a receita é reduzida e dificulta o autofinanciamento das empresas.
\n\nA tributação fiscal só deve acontecer “quando os lucros se transferem para o universo pessoal do empresário”. Em contrapartida, as contas das empresas devem ser mais escrutinados para impedir que o empresário “meta lá os carrinhos e as feriazinhas da família como custos da empresa”.
\n\nBessa referiu-se antes a Carlos Costa como sendo “um banqueiro central atípico, que pensa nas questões da economia, do desenvolvimento e do futuro”, referindo que o governador do Banco de Portugal “deu a entender” na sua conferência que “isto com consumo não é sustentável”. “O caminho, é exportar, exportar, exportar”, frisou
\n\r\nPartilhar
MEDIA
\n\nControlinveste: administração diz que adesão à greve não supera os 15%
\n\nTEXTO Adriano Nobre
\n\n\r\n\r\n\r\nSindicato dos Jornalistas fala em “excelente adesão”, mas a administração contesta essa avaliação. Greve motivou alterações na grelha da TSF. “DN”, “JN” e “O Jogo” deverão chegar amanhã às bancas sem grandes alterações, garante a administração.
\n\nOs “dados provisórios” apurados pela administração da Controlinveste apontam para que a adesão dos trabalhadores do grupo à greve de 24 horas que hoje está a ocorrer “rondará os 12% a 15%”.
\n\nA informação foi avançada ao Expresso por fonte oficial da empresa, explicando que faltava, às 16h30, apurar apenas os dados referentes à adesão no Diário de Notícias. A administração da Controlinveste contesta, assim, os primeiros números avançados pelo Sindicato dos Jornalistas sobre a “excelente adesão” à greve. À hora do almoço, o Sindicato apontava mesmo para uma adesão à greve na ordem dos 90%, durante a madrugada e manhã, na TSF e na agência de fotografia Global Imagens, tanto em Lisboa como no Porto.\n\n
Também às 16h30, o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, fez um primeiro “balanço provisório” da greve ao Expresso. Sem números ainda fechados sobre o impacto da iniciativa, o sindicalistas garantia, no entanto, que houve “uma excelente adesão” na TSF e que “na Global Imagens no Porto não está ninguém a trabalhar e em Lisboa não está a maioria”. “No DN estão praticamente apenas as chefias e no JN houve uma adesão importante, mas ainda não quantificável”, resumiu.
\n\nPerante estes dados, Alfredo Maia não tem dúvidas de que além do impacto já hoje registado na antena da TSF, a greve terá amanhã “efeitos visíveis” nas edições dos títulos do grupo que chegarão às bancas, com provável recurso a “trabalhos feitos antecipadamente” ou a notícias produzidas pela agência Lusa.
\nUm dos primeiros impactos da greve de hoje foi sentido na antena da TSF, onde a adesão suscitou alterações na programação habitual. O programa “Governo Sombra”, por exemplo, não será emitido hoje ao final da tarde. Além disso, os habituais blocos informativos às meias horas foram cancelados, tendo apenas sido emitidas notícias nas horas certas.
\nCom base nos dados que recolheu junto da direcção de recursos humanos e das chefias de redacção, a administração da Controlinveste sustenta, porém, que os níveis de adesão à greve não irão afetar a normal publicação do DN, do JN e de O Jogo, que amanhã deverão chegar às bancas sem grandes alterações
\nDas 140 pessoas abrangidas pelo despedimento coletivo em curso na Controlinveste, 66 são jornalistas. Além destes trabalhadores, a administração do grupo está também a negociar rescisões amigáveis com outros 20 trabalhadores.
\nEste processo de despedimento coletivo foi uma das faces mais visíveis do plano de reestruturação colocado em marcha pela nova administração da empresa, depois da entrada do investidor angolano António Mosquito e do empresário Luís Montez para a estrutura acionista da empresa, com participações de 27,5% e 15%, respetivamente.
\nA presidência do grupo deixou de estar a cargo do anterior proprietário da empresa, Joaquim Oliveira – que reduziu a sua participação de 100% para 27,5% – e passou a ser desempenhada pelo advogado Proença de Carvalho. A administração tem como CEO o anterior gestor da Corticeira Amorim, Vítor Ribeiro, e como COO José Carlos Lourenço, ex-administrador da Impresa.
\nApós o anúncio do despedimento, no início de junho, Proença de Carvalho enviou uma nota à agência Lusa a explicar que as medidas então anunciadas, "embora dolorosas, são indispensáveis para que o grupo possa crescer sustentadamente no futuro próximo". E explicou que a estratégia para a “sustentabilidade futura do grupo” exige “uma equilibrada adequação dos seus custos às realidades económicas do sector”.
\nOs trabalhadores do grupo entendem, no entanto, que este despedimento irá descaracterizar os meios do grupo, pelo que pedem a “suspensão dos processos de despedimento e a discussão de alternativas que preservem os projetos editoriais e os postos de trabalho”.
\n\r\nPartilhar
PAULO PORTAS
\n\nCDS não desiste de “ser maior” nem de ser “posto à prova”
\n\nTEXTO MAFALDA GANHÃO com LUSA
\n\n\r\n\r\n\r\nNum discurso em que lembrou os antigos líderes do partido e homenageou os militantes e os eleitores, Portas considerou a coligação com o PSD “tão imperativa” como “é necessária” a defesa da identidade centrista.
\n\nO presidente do CDS-PP afirmou hoje que o partido não desiste de “ser maior” nem de ser “posto à prova”, argumentando também que coligação com o PSD é “tão imperativa” como “é necessária” a defesa da identidade centrista.
\n\n“Até hoje, o CDS-PP não teve oportunidade de liderar executivos nem de ser o pilar principal de programas de Governo. É uma circunstância arreliantemente teimosa. Mas, com grande humildade, nós também dizemos que não desistimos de ser um partido maior nem de sermos postos à prova”, afirmou Paulo Portas, no jantar de arranque das comemorações dos 40 anos do partido, em Lisboa.
\n\n“No caso atual, diria que é tão imperativa a necessidade da coligação entre PSD e CDS-PP, como é compreensível e necessária a defesa da nossa identidade numa coligação que não é, nem ninguém queria que fosse, uma fusão”, afirmou.
\n\nPaulo Portas disse que “trazer o CDS-PP para o arco da governabilidade deu trabalho, mas é hoje um facto não controverso”.
\n\nPara o líder centrista, “o povo português chamou sempre o CDS-PP ao Governo quando as circunstâncias eram de emergência extrema”. “O CDS-PP foi e fez bem em ir, porque Portugal é o bem maior” argumentou, afirmando que sempre que foi chamado ao Governo “foi com a casa a arder e a penúria à vista de todos”.
\n\nPortas recordou a génese do CDS-PP: “Nascemos apesar do PREC [Processo Revolucionário em Curso], crescemos debaixo de cerco e de tiro, instituídos votando contra uma Constituição, que os sectarismos e os dogmatismos da esquerda transformaram numa oportunidade perdida”.
\n\nHomenagem aos fundadores e aos militantes
\n\nO facto de o CDS ter sido o único partido que votou contra a Constituição de 1976 foi muito sublinhando pelo líder do partido.
\n\n“O CDS sempre soube fazer um separador entre aquela que foi porventura a sua deliberação mais justa, mais visionária, mais correta e mais corajosa, o voto contra a Constituição, com qualquer inferioridade que nos quisessem atribuir, num regime que sendo democrático, teria que ser para todos”, defendeu.
\n\n“A Lei Fundamental foi ficando menos má, revisão após revisão e o CDS esteve em todas. O partido sempre teve a noção clara que o país tinha que ser governável e governado”, acrescentou.
\n\nPortas terminou a sua intervenção com uma palavra de homenagem aos fundadores, mas também aos militantes e eleitores. “Não haveria representação sem eles”, disse, fazendo questão de lembrar “todos e cada um, do mais remoto filiado ao mais prestigiado dirigente”.
\n\nEm particular, evocou o nome de Adelino Amaro da Costa, exemplo de “uma vida política feita de brilho, simplicidade, entrega e alegria”.
\n\nQuanto aos líderes do passado, Portas recordou, de Diogo Freitas do Amaral, a palavra “fundação”, de Jacinto Lucas Pires, “a inovação”, de Adriano Moreira - “porventura o maior dos nossos mestres e sábios”- a “visão nacional”, a “proximidade” de Manuel Monteiro, e a “perseverança” de José Ribeiro e Castro.
\n\n“De mim não falo, não me ficava bem, e creio que o meu mandato não acabou ainda”, concluiu o atual líder do CDS-PP.
\n\r\nPartilhar
PASSEIO
\n\nHá um novo olhar sobre os segredos do Porto
\n\nTEXTO VALDEMAR CRUZ
\n\n\r\n\r\n\r\nNovo livro de Germano Silva propõe caminhadas pela cidade à descoberta das histórias escondidas.
\n\nEle próprio um grande contador de histórias, Germano Silva, jornalista, 83 anos muito ativos, narrador das histórias que o Porto conta, autor de vários livros sobre a cidade, propõe agora a descoberta da Invicta através de caminhadas concebidas para explorar todos os recantos.
\n\n“Caminhar pelo Porto” terá lançamento oficial amanhã, na rua, a partir das 18 horas, como não podia deixar de ser. A escolhida é a renovada das Flores, onde haverá porco assado no espeto e alguns comentários sobre aquele coração histórico de uma cidade em permanente estado de descoberta.
\n\nAo Expresso, Germano Silva explica que o livro surge na sequência dos habituais passeios, aos domingos de manhã, uma vez por mês, patrocinados pela Fnac e pelo JN, e seguidos por verdadeiras multidões, com o jornalista como guia.
\n\nDa Ribeira à Foz
\n\nCada um dos percursos propostos tem uma duração média de duas horas, para um caminhar normal, com paragens incluídas. Habituado há décadas a calcorrear o burgo, Germano Silva não esconde ter um percurso preferido. É o que vai da Ribeira à Foz Velha.
\n\nJustifica a escolha com a constante presença do rio, verdadeira alma da cidade e espaço a partir de onde se fez a vida da comunidade. Começa junto à faustosa igreja de S. Francisco, onde estão sepultados alguns nomes maiores da burguesia portuense, e vai por ali fora, a acompanhar a vida que o rio proporciona e constrói.
\n\nEste percurso tem, além disso, a vantagem de poder ser feito a pé, mas também de carro elétrico.
\n\nConstruído em formato guia, o livro está muito para lá de um guia convencional. A pretexto das ruas sugeridas, o que Germano faz é desnudar a cidade e expor-lhe todo o tipo de intimidades. Se algumas histórias são já conhecidas, até porque o próprio Germano já as contou em diferentes ocasiões, muitas outras continuam a possuir aquele curioso da descoberta ancorado no que, afinal, é já tão antigo.
\n\r\nPartilhar
SARDINHAS
\n\nO stock de sardinha está em queda... estável
\n\nTEXTO CARLA TOMÁS INFOGRAFIA OLAVO CRUZ
\n\n\r\n\r\n\r\nA sardinha é um dos alimentos prediletos de muitos portugueses, sobretudo nesta altura do ano, mas a espécie já existiu em maior abundância, indica um relatório do IPMA.
\n\nHá 20 anos eram descarregados nos portos portugueses mais de 100 mil toneladas de sardinha, mas hoje apenas um quinto dessas capturas chega a terra. “Desde 2007, o stock de sardinha tem decrescido continuamente, levando à implementação de fortes restrições à pesca em Portugal, com períodos longos de paragem da atividade e limites de captura”, indica o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), num relatório hoje divulgado.
\n\nO documento, intitulado “Stock ibérico de sardinha: abundância baixa mas estável”, refere que “nas últimas três décadas o stock sofreu importantes variações de abundância relacionadas com a quantidade de juvenis acrescentados à população em cada ano”.
\n\n\r\n\r\n\r\nOs dados mais recentes sobre a pescaria da sardinha mostram que a captura conjunta de Portugal e Espanha diminuiu 17% de 2012 para 2013. Em 2013 foram descarregadas nos portos nacionais menos de 20 mil toneladas (ver gráfico) e em 2012 cerca de 31 mil (menos 43,2% do que em 2011).
\n\nEm 1984 tinha ultrapassado as 100 mil toneladas. A baixa da taxa de exploração nos últimos anos ajudou a estancar a queda do stock.
\n\nOs investigadores explicam que “as variações do recrutamento dependem de efeitos ambientais no potencial reprodutivo do stock e na sobrevivência dos primeiros estádios de vida”. A espécie é muito sensível às alterações climáticas (vento, ondulação e temperatura) e, por isso, a sua distribuição varia.
\n\nMas outras causas para a quebra de stocks estão ainda a ser investigadas pelo IPMA, como os efeitos da temperatura da água, a fecundidade das fêmeas, a sobrevivência e crescimento dos estados iniciais do desenvolvimento (ovos, larvas , etc) e o impacto da predação por outras espécies, como o carapau e a cavala, mais abundantes nas águas Portuguesas.
\n\nCome-se mais no verão, mas é boa é no outono
\n\nAssociada à chegada do verão, não é contudo agora que a sardinha é verdadeiramente boa, mas no outono, quando os cardumes se avolumam e ela fica no ponto... com maior teor de gordura. No entanto, o mercado de fresco cinge-se aos meses de junho, julho e agosto, enquanto noutras alturas do ano é encaminhada para a indústria conserveira e do frio.
\n\nEm Portugal cerca de 150 embarcações com mais de 10 metros dedicam-se à pesca do cerco nas águas da Península Ibérica, sobretudo dentro das 12 milhas. Esta é uma arte muito antiga que cerca o cardume de forma seletiva e é pouco predadora, já que não toca no fundo do mar e tem pouco impacto nos ecossistemas marinhos.
\n\r\nPartilhar