Henrique Raposohenrique.raposo79@gmail.com

A tempo e a desmodo

Henrique Raposo

A esquerda é alérgica à liberdade

Je suis Jaime FOTO GONÇALO ROSA DA SILVA

Je suis Jaime FOTO GONÇALO ROSA DA SILVA

Uma conferência de Jaime Nogueira Pinto foi cancelada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL), porque estudantes-aficionados do BE e afins prometeram vandalizar a sessão. Cruzam-se aqui duas tradições que mostram como a esquerda portuguesa detesta a liberdade. Em primeiro lugar, há a herança do prec e da grandolada, esse fenómeno que se julga muito virtuoso; é este aliás o segredo da amoralidade deste tipo de esquerdista: ele acha que o seu ódio é uma virtude, acha que a sua queda natural para a censura e intolerância é um sinal de pureza. Então não está ele a calar os impuros? Em segundo lugar, é impossível não ver aqui um efeito de contágio. Debaixo do silêncio ou desinteresse do jornalismo português (criado na FCSH), um fenómeno tem marcado o dia a dia das universidades americanas e inglesas: todos os dias, uma palestra é cancelada devido aos protestos da brigada do politicamente correto. Aliás, sem esta permanente censura violenta da esquerda não se percebe a contra-resposta representada por Trump.

Todos os dias, na imprensa americana ou inglesa, ficamos a par de casos como este: os alunos da esquerda formam brigadas e piquetes que forçam o cancelamento de palestras consideradas “impróprias”, “reacionárias”, “fascistas”. É curioso, não é? A esquerda politicamente correta recorre à tática fascista – uso da violência para calar pessoas – mas depois tem o desplante de acusar de “fascista” a vítima da sua própria violência. Mas, neste caso da FCSH, o que é mais relevador não é a intolerância dos alunos ligados ao Bloco e afins. O que é revelador é o silêncio e o encolher de ombros das outras pessoas. É normal, é a Nova! É normal, é a FCSH! O espantoso é terem convidado o Jaime Nogueira Pinto! Aquilo não é sítio para o Jaime Nogueira Pinto! De resto, é por isso que a direção da universidade cedeu à chantagem da extrema-esquerda: também considera normal este comportamento dos seus próprios alunos.

Mas porque é que temos de aceitar a intolerância da esquerda como normal? Porque é que a intolerância da esquerda tem sítios reservados e intocáveis, sítios que não podem ouvir vozes diferentes? O que me leva a outro ponto. Se a FCSH só tem uma cor, se existe este sectarismo tão normal, porque é que temos todos de o pagar? Como é que pode haver financiamento público para uma universidade que não garante qualquer tipo de pluralismo? De outra forma, porque é que eu tenho de financiar uma universidade pública que é na verdade a universidade de verão do Bloco de Esquerda?