TECNOLOGIA

Vem aí um não tão novo iPhone e um Watch mais independente

FOTO GETTY

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Já não é segredo para ninguém: a Apple vai apresentar novos gadgets esta quarta-feira. Será que Tim Cook vai surpreender? Parece que sim no relógio, mas não tanto no iPhone

TEXTO SÉRGIO MAGNO, EXAME INFORMÁTICA

O iPhone: o smartphone que que ainda antes de sair já gera mais textos do que qualquer outro gadget do mercado. Este incluindo. Basta uma simples pesquisa no Google para revelar um sem número de rumores. A maioria não passa de pura “adivinhação”, já que a Apple é conhecida por guardar muito bem a informação relativa a novos produtos. Mas também é verdade que o crescimento verdadeiramente exponencial da empresa que Steve Jobs deixou a Tim Cook fez com que seja cada vez mais difícil guardar segredos. Basta lembrar que todos os iPhones são produzidos no sítio do costume, ou seja, na China, onde nem sempre é fácil manter a informação confidencial. Sobretudo quando se quer produzir depressa e aos milhões. E aqui fica a primeira previsão: o iPhone 7 vai chegar ao mercado norte-americano a 16 ou 23 de setembro e a Portugal lá para o fim de outubro.

Igual por fora, muito diferente por dentro

Quando se fala de produtos da Apple ainda não apresentados, há sempre a hipótese de se falhar. Mas se tivéssemos que apostar numa característica de hardware do iPhone 7, apostaríamos no formato: os novos iPhone deverão manter o design dos atuais iPhone 6S. Novos porque devem ser dois: o modelo com ecrã de 4,7” e o modelo Plus, com ecrã de 5,5”. Provavelmente ouviu falar numa terceira versão, conhecida por “Pro”. Nós também, mas parece que não terá passado de um protótipo não aprovado por Tim Cook. Ou de uma informação falsa que conseguiu chegar a muitos meios de comunicação internacionais de referência.

No entanto, a versão Plus deverá ter uma diferença física assinalável: uma câmara traseira (a principal) com duas lentes. Ou melhor, duas câmaras, já que as informações apontam para dois sensores de 12 megapíxeis. Se já está a fazer as contas e a concluir que as fotos do iPhone 7 Plus vão ser de 24 milhões de píxeis… o melhor é não apostar nisso, já que é mais provável que esta arquitetura seja utilizado para permitir maior amplitude (grande angular), mais zoom (aproveitar só uma parte dos píxeis) e aplicar técnicas de pós-processamento, como a escolha da zona focada e melhoria da qualidade de imagem. O flash da câmara deverá ser constituído por quatro luzes LED para garantir cores mais realistas.

FOTO REUTERS

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Os muitos píxeis extras deverão ter obrigado a Apple a aumentar a memória RAM do iPhone 7 Plus, que deverá ser de 3 GB, mais 1 GB que o iPhone 7 “normal”. Não confundir a RAM com o armazenamento. A primeira serve para auxiliar o processador, funcionando um pouco como a nossa memória consciente. A memória de armazenamento é onde os ficheiros ficam guardados (o nosso inconsciente). E aqui também há novidade, já que o mínimo deverá ser 32 GB e o máximo uns expressivos 256 GB. É muito espaço para guardar apps, música, fotos e vídeo. Por outro lado, estes ficheiros estão cada vez maiores.

E para processar tudo isto, nada como um novo “cérebro”. O processador também deverá ser o A10, significativamente mais rápido que o A9 dos iPhone 6S. No entanto, a Apple deverá travar um pouco a velocidade deste chip na maioria das aplicações para garantir que a bateria é, no mínimo, tão boa quanto a dos iPhones atuais.

Sem saída para auscultadores, mas com auscultadores

Ming-chi Kuo, um conhecido analista especializado na Apple, confirmou ao “The Verge” que os novos iPhone vão ser os primeiros sem saída para headphones (o jack de 3,5 mm). E este analista ficou conhecido porque, em lançamentos anteriores, demonstrou ter uma boa “bola de cristal”, o que significa que devemos levar a sério esta previsão. Ming-chi Kuo aposta que a caixa dos novos smartphones vai incluir uns auscultadores com ligação Lightning e um adaptador Lightning/3,5 mm para ligação de auscultadores tradicionais. Deste modo, a Apple deverá evitar a ira dos fãs, muitos dos quais já demonstraram estar contra o desaparecimento da ligação tradicional. Não podemos esquecer que há utilizadores que investem muito em auscultadores de qualidade.

Espera-se que o espaço poupado com a remoção da saída de som de 3,5 mm seja aproveitada para adicionar um segundo altifalante (som estéreo). Mas há quem diga que o estéreo vai ser conseguido de outro modo: o auscultador do telefone (o que usamos para ouvir as chamadas) vai funcionar como segundo altifalante quando o telemóvel estiver na horizontal. Seria uma solução mais inovadora do que simplesmente adicionar um segundo altifalante. E todos sabemos que a Apple gosta de fazer diferente.

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Talvez o espaço libertado com a remoção da saída seja aproveitado para albergar a eletrónica do novo botão Home, que, dizem os analistas, deverá ser capaz de detetar diferentes níveis de pressão e até movimentos dos dedos. O que significa que o botão Home deverá ganhar novas funcionalidades de acordo com a pressão e/ou os gestos feitos neste botão. Provavelmente teremos atalhos para algumas funções ou apps, que poderão ser abertas diretamente a partir do botão principal do iPhone.

Mais cores e maior resistência

Deverão existir mais cores para escolher. O dourado, o prateado e o rosa-dourado vão manter-se. Mas, segundo o “The Verge”, o cinzento sideral deverá ser substituído por um “preto escuro” e por um “preto piano”. Talvez ainda mais interessante, finalmente a Apple deverá tornar o iPhone à prova de água. Os rumores apontam para uma proteção do tipo IPX7, ou seja, suportar imersão em água até 1 metro de profundidade durante até 30 minutos. Mas talvez a Apple nem fale deste aspeto durante a apresentação – ao fim de contas, seria admitir que está a seguir uma tendência iniciada há muito tempo pela concorrência.

Sistema operativo novo

Provavelmente, as maiores mudanças vão estar no sistema operativo. O iOS 10 deverá vir instalado de raiz nos iPhones 7. A próxima versão do sistema operativo para iPhone e iPad foi pré-apresentada em junho. Há novidades importantes na Siri, nos mapas e na aplicação de mensagens. É de esperar que algumas das funcionalidades introduzidas no iOS 10 sejam exclusivas dos novos modelos. A começar pelas ferramentas relacionadas com a fotografia que aproveitem as duas câmaras e as funcionalidades do novo botão Home.

Do que já se sabe do iOS 10, destaque para funcionalidades interessantes como mensagens com “tinta invisível” (será preciso esfregar o dedo sobre o ecrã para revelar a mensagem) e para a possibilidade de transferir dinheiro, usando o sistema Apple Pay, através das mensagens – o que provavelmente não vai estar disponível em Portugal, pelo menos para já.

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Relógio, a grande novidade

Apesar de, como é habitual, o iPhone estar a roubar todas as atenções, é bem provável que os momentos “uau” da apresentação estejam reservadas para uma nova versão do Watch, o relógio inteligente da Apple.

A principal novidade deverá ser o sistema operativo, o WatchOS 3, com uma nova interface e melhor desempenho. O Watch 2 deverá incluir GPS para permitir a navegação autónoma do telefone, característica ao agrado dos atletas. Apesar desta tecnologia e do processador mais rápido, é quase garantido que a autonomia vai crescer de modo a garantir que a bateria funcione durante todo o dia por mais intensiva que seja a utilização. Aliás, o Apple Watch 2 deve ter uma maior independência face ao iPhone, sendo possível até que a Apple inclua uma ligação de dados para permitir acesso direto à Internet. Por fim, há também quem sugira que o relógio vai incluir uma câmara que encoraje a utilização do FaceTime. Sim, talvez seja desta que vamos ver pessoas a falarem e a fazerem gestos para o pulso ao bom estilo dos filmes de ficção científica dos anos 80. Outros já tentaram sem sucesso, mas Apple tem demonstrado ter muito mais capacidade para criar tendências.

Se prefere a realidade à ficção, o melhor é estar atento aos sites da Exame Informática e do Expresso esta quarta-feira. Prometemos uma cobertura em direto do evento da Apple, que começa às 18h (17h se estiver nos Açores). Nem que seja para ver se acertámos ou falhámos.