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O POEMA ENSINA A CAIR

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VERSOS PARA CONSPIRAR NAS COSTAS DOS CRETINOS

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Prefere os poemas aos autores e quando lhe pedimos a biografia responde apenas que está algures entre as figuras mais pacatas da sua geração. É Diogo Vaz Pinto, poeta e editor, a dizer poemas para o Expresso Diário ao balcão de uma conhecida bacalhoaria da baixa de Lisboa.

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TEXTO RAQUEL MARINHO VÍDEO JOANA BELEZA GRAFISMO VÍDEO JOÃO ROBERTO

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«É melhor que o poema nem seja bem escrito, antes queira a compreensão tremida, que desloque o ar e anavalhe o leitor pelas costas.»

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Diogo Vaz pinto, 29 anos, prefere falar de poemas que dos autores. É contra a ideia do poeta que se torna o tema como se, ao ser entrevistado e objeto de uma notícia num jornal aceitando falar de si, estivesse a alinhar por um discurso do eu no qual não se revê. Cita Rimbaud, «Je est un autre», para explicar que «onde somos menos poéticos é quando começamos a falar de nós como seres biografáveis.»

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É licenciado em direito embora não exerça por considerar que um advogado é «uma espécie de cão de caça». Trabalha como jornalista do I, mas vê-se sobretudo como poeta e editor.

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Publicou dois livros, Nervo e Bastardo, em 2011 e 2012, e está ligado à edição e divulgação de poesia desde os tempos da faculdade. Primeiro com o lançamento da revista Criatura da qual saíram seis números, depois com a criação, em 2010, das edições Língua Morta, ao lado de David Teles Pereira. Em quatro anos publicaram mais de cinquenta livros.

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Não querendo detalhar por que janelas a poesia entrou na sua vida, explica a necessidade de a procurar diariamente porque a vida que tem não lhe é suficiente. Como se, chegado o final do dia, não tivesse «vivido tudo» e precisasse «dessa outra vida que os poemas dão.»

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Diz que a poesia é o contrário de falar bem, é falar certo, e que o que as pessoas precisam é de falar mal. Gosta da voz de poetas como Manuel de Castro, António José Forte, Mário Cesariny ou Fernando Assis Pacheco, apenas para falar de portugueses.

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Apesar da resistência, se lhe pedimos para tentar biografar-se, usa da ironia: «Há um consenso, segundo o próprio destaca, de que está entre as figuras mais pacatas da sua geração. É alguém que, simplesmente, não faz ondas, como aliás recomendam os entendidos. Porque a poesia hoje é antes de tudo um compromisso social, no sentido do piquenique constante, fazer amigos e andar em festas, homenagens, celebrações, por mais que pindéricas. Há sempre brochuras, fotos de grupo em que convém aparecer. Até porque os poetas o que destes dias mais fazem é mesmo anos, já que, como lembrou Ruy Belo, “não se pode estar sem fazer nada”».

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A poesia serve para quê?

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Para conspirar nas costas dos cretinos que têm a dianteira "desta porra triste".

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Deve saber vários versos de cor. Qual o primeiro que lhe vem à cabeça?

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Um verso não, mas dois:

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Eu todos os meus anjos vão juntos para a guerra

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Se falta algum é como faltar o chão

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(Cesariny)

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Se não fosse poeta português (ou de outro país) seria de que nacionalidade?

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Qualquer coisa muito índia, uma tribo descoberta o mais tarde possível. Falava um desses idiomas à base de estalinhos de língua, raios e coriscos. Para dizer coisas banais apontava ou grunhia, como já faço tanto, de resto era só poesia.

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Um bom poema é...

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Um elefante, dos que incomodam muita gente.

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O que o comove?

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A proporção mágica: uma parte de inteligência para duas de coragem.

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Que poema enviaria ao primeiro-ministro português?

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LISBOA – 1971

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O chofer de táxi queixava-se da vida.

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Ganha 400$00 por semana, o patrão conta

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que ele se arranje do a mais com as gorjetas.

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Os meus amigos morrem de cancro,

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de tédio, de páginas literárias,

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vi um rapaz sem as duas mãos que perdeu

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na guerra (e o ortopedista ria-se de que ele

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só queria por enquanto «calçar» uma das

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que, artificiais, lhe preparou tão róseas).

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As pessoas esperam com raiva surda e muita paciência

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o autocarro, aumento de ordenado, a chegada

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do Paracleto, bolsas da sopa do convento.

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Mas o chofer do táxi contou-me que

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discutira com um asno e lhe dissera:

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«…V. que nesse tempo ainda andava a fugir

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de colhão para colhão do seu pai

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para ver se escapava a ser filho da puta…»

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E é isto: andam de colhão para colhão

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a ver se escapam — e muitos não escapam.

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E os outros não escapam aos que não escaparam.

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Lisboa, 5 Agosto 1971

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- Jorge de Sena

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in Exorcismos, Moraes

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Por sua vontade, o que ficaria escrito no seu epitáfio?

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Sai da frente que me estás a tapar a vista.

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O poema que Diogo Vaz Pinto leu para o Expresso Diário e o que escolheu para ser lido por Raquel Marinho\n

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