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Ricardo Costa

Sporting, dos betos ao Bruno

A transferência de Jorge Jesus do Benfica para o Sporting é a jogada mais ousada do nosso futebol nos últimos dez anos. A jogada pode ser louca, injusta, contraditória e até dividir o Sporting ao meio. Mas é de uma ousadia incrível, pelo simbolismo que carrega e pelas ondas de choque que provoca.

Não faço ideia onde Bruno de Carvalho arranjou dinheiro para isto e detesto tanto o dinheiro de Álvaro Sobrinho como o da Guiné Equatorial. Mas o mundo do futebol, sobretudo os das transferências, dos fundos dos jogadores e das sociedades que gerem a permanente rotação de atletas está cheio de dinheiro deste, como bem sabem os clubes portugueses e melhor sabem os grandes clubes internacionais.

Espero que a parte financeira seja bem explicada, porque o Sporting é um clube sem dinheiro, que vive da boa vontade dos bancos, que lhe lhe perdoaram juros e arranjaram um plano de recuperação depois de anos e anos de irresponsabilidade.

Durante anos e anos o clube foi dirigido por ondas sucessivas de meninos bem, formados nas melhores escolas e com belos apelidos, mas incapazes de gerir um snack-bar

O Sporting de Bruno é isso mesmo, o Sporting nascido dos destroços provocados pelo Sporting dos betos. Durante anos e anos o clube - de que sou adepto, já agora - foi dirigido por ondas sucessivas de meninos bem, formados nas melhores escolas e com belos apelidos, mas incapazes de gerir um snack-bar.

Depois de terem conseguido entregar o novo estádio a Tomás Taveira, num gesto estético incompreensível, afundaram o clube num mar de dívidas, achando que o Sporting era maior que a realidade e que o dinheiro havia de brotar de algum lado e que frequentar a casa de banqueiros resolvia tudo.

O Sporting dos betos até podia ser mais apresentável, menos trauliteiro e vernáculo. Mas era profundamente incompetente. Foi assim que nasceu Bruno de Carvalho, que ganhou eleições com extrema facilidade depois de uma primeira tentativa em que perdeu na secretaria.

Não faço ideia onde isto vai acabar, mas, sinceramente, não pode acabar pior do que o Sporting dos betos, que, em resumo, era um clube falido com um estádio foleiro, com uma bancada para cegos e sem dinheiro para um pavilhão.

ALTOS

Bruno de Carvalho

Presidente do Sporting

Por várias vezes ao longo da última época Bruno de Carvalho foi aqui criticado. Nomeadamente pela responsabilidade na má relação com o treinador Marco Silva. Hoje, merece estar a subir pelo movimento muito ousado que assumiu para o Sporting. Os riscos são elevados, a começar pelo risco financeiro, mas não há dúvida que a aposta de trazer o treinador bicampeão para o seu clube é uma aposta de perfil muito alto.

António Costa

Líder do PS

No mesmo momento em que os partidos da maioria apresentavam as linhas gerais do que há de ser o seu programa eleitoral, os socialistas tornavam pública, página por página, linha por linha, promessa por promessa, o caderno de encargos com que se apresentam às legislativas. Este é claramente um dossier que foi bem gerido pela liderança socialista ao longo das últimas semanas, desde que foi apresentado o quadro macroeconómico que está na base do programa eleitoral.

BAIXOS

Alexis Tsipras

Líder do Governo grego

Com mais ou menos rondas negociais, com o aproximar e afastar das posições das duas partes, com jantares mais ou menos conclusivos, uma coisa parece clara: o futuro da Grécia na zona euro está cada vez mais tremido. A crise europeia que parecia mais ou menos controlada pode ter aqui um enorme retrocesso.

Martim Silva