Opinião
Sobe & Desce
Ricardo Costarcosta@expresso.impresa.pt

Opinião

Ricardo Costa

Há ou não acordo?

O país está suspenso desta pergunta, mas já toda a gente sabe a resposta. Ou melhor, toda a gente acha que vai haver, apesar de um ou outro sinal contraditório e de continuar sem aparecer um papel que seja, com uma frase ao menos. Apesar das dúvidas, não há nenhum ator político relevante - da Presidência da República ao Governo, passando pela oposição e pelos principais candidatos presidenciais - que não esteja já a atuar em função desse acordo. E isso não acontece por acaso. O que faz tanta gente atuar assim é a quantidade de passos que já foram dados por PS, Bloco e PCP, num caminho nunca antes trilhado e que dificilmente suporta uma marcha-atrás coletiva.

As principais dúvidas têm surgido em torno do PCP. Mas essas dúvidas decorrem muito mais da escassa informação que transpira do partido do que de outra coisa. Só quem não conheça a estrutura ideológica do PCP e a sua forma de discutir os assuntos internamente e de atuar em público é que pode esperar dos comunistas uma elasticidade verbal como a que é permitida à líder do Bloco de Esquerda.

Só quem não conheça a estrutura ideológica do PCP e a sua forma de discutir os assuntos é que pode esperar dos comunistas uma elasticidade verbal como a que é permitida à líder do Bloco de Esquerda

O PCP tem as suas divisões internas, ao contrário do que muitos pensam. E tem um eleitorado fiel que não está habituado a ver os políticos em quem vota a darem cambalhotas táticas. Mas acima disso tudo tem interesses legítimos que quer assegurar: o fim dum governo PSD/CDS, mudanças na legislação laboral, garantias em relação à Segurança Social, à Função Pública e, em geral, ao Estado Social a ao papel do Estado.

Esse é o dilema do PCP: como conseguir isso sem perder a alma. No fundo, Jerónimo Sousa queria fazer um acordo mínimo para garantir a existência de um governo PS, mas terá provavelmente que fechar um acordo médio, com maiores garantias de duração e algumas cláusulas de exceção. Não é fácil, mas também não é a quadratura do círculo.
Mais uns dias e tiramos tudo a limpo. Mas, neste momento, é muito mais provável que haja acordo do que tudo rebente na última hora. As últimas semanas estão cheias de surpresas e as próximas não vão fugir a esta nova regra, mas não será provavelmente neste campo negocial que surjam os primeiros problemas.

ALTOS

Nuno Amado

Presidente do BCP

O Millennium teve resultados como há muito não tinha. Os lucros nos primeiros nove meses, de 264,5 milhões, são boa notícia para Amado.

Francisco Assis

Eurodeputado

Assis vai reunir descontentes no PS, sem subervsão (“Não vou apelar a que desrespeitem a disciplina de voto”) e posicionando-se como reserva de Costa. O direito à divergência também se exercita.

Fernando Medina

Presidente da Câmara de Lisboa

Há finalmente projeto para a nova Feira Popular de Lisboa. São 20 hectares de diversões, num parque urbano cheio de zonas verdes, com dimensão, condições e localização que, no papel, parecem promissoras.

BAIXOS

Maria Luís Albuquerque

Ministra das Finanças

Portugal é o único país da UE que não entregou um rascunho para o Orçamento do Estado de 2016. Pode ser amuo de quem sabe que vai cair. Pode ser para evitar polémica política em Portugal. Ou pode ser falhar um compromisso de todos os anos, que está agendado nas Finanças há meses, de quem sempre disse querer cumprir todas as obrigações europeias.

Pedro Santos Guerreiro