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A “descrença” de Baiôa nos políticos e a “luz e esperança” de César

Foto Tiago Miranda

Foto Tiago Miranda

Florival Baiôa, do movimento Beja Merece +, queixou-se a Carlos César, nas jornadas parlamentares do PS, das promessas não cumpridas pelo poder. O líder da bancada socialista resistiu em comprometer-se com mais investimento na região, mas lembrou obras do passado. E ainda deixou uma garantia: o PS não precisa da tutela ministerial para decidir

Texto Miguel Santos Carrapatoso

Não foi uma versão esotérica de Carlos César aquela que se dirigiu aos jornalistas, em plenas jornadas socialistas por terras de Beja. No final da reunião com o presidente da Câmara e com o movimento cívico Beja Merece +, o líder parlamentar do PS foi confrontado com a falta de investimento na região, com a “descrença” de Florival Baiôa (presidente do movimento) nos políticos e acabou com uma imagem luminosa: o Governo não se pode comprometer com mais investimento, mas os portugueses, disse César, não podem esquecer que “quando o PS é Governo pode haver sempre uma luz e uma esperança”.

“Olho para um empreendimento como o Alqueva, onde já lá vão 2.400 milhões de euros, e recordo-me de quem o promoveu: o PS. Olho para o aeroporto de Beja e recordo-me de quem o construiu: o Governo do PS. Olho para o troço de autoestrada que está ainda por abrir mas que se abrirá certamente ainda este ano, e lembro-me que ela estava parada e lembro-me que quem a pôs a ser concluída foi o PS. Da parte do PS, enquanto Governo, pode haver sempre uma luz e uma esperança para a resolução de tantos problemas que existem por este país fora”, afirmou Carlos César.

Há muito que a região de Beja exige que se deem passos concretos na requalificação do Hospital e do aeroporto de Beja, para a abertura e conclusão da autoestrada A26 e na eletrificação da ferrovia. Perante estas reivindicações, Carlos César lembrou que o Governo está ainda a concluir o quadro comunitário Portugal2020, dificilmente alterável, mas mostrou-se confiante de que vai ser possível, ainda este ano, avançar com o concurso público para a eletrificação da linha ferroviária que une Casa Branca a Beja. Mais: garantiu que o troço da A26 será inaugurado “certamente” este ano.

Tal como acontecera na antecipação destas jornadas parlamentares, Carlos César voltou a ser confrontado com a ausência dos ministros do Planeamento e do Ambiente numas jornadas dedicadas, precisamente, ao ambiente e ao desenvolvimento do interior. O socialista respondeu taxativamente: “Não viemos para nos encontrarmos com os senhores ministros. Não precisamos dessa tutela ministerial para conhecer as coisas, nem para decidir as coisas”. Palavra de César.

Antes, no início da manhã e depois da visita à sede da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), o socialista já tinha garantido que estas jornadas são muito mais do que uma mera visita para cumprir calendário.

“Esta nossa visita serve para nós aprendermos, mas também de nada serviria se não fizéssemos nada depois. Por isso, tentaremos verter para o plano político, para o plano orçamental e para o plano da ação governativa o conhecimento adquirido”, assegurou Carlos César.

“Há uma certa descrença em relação aos políticos”

No final da reunião com o líder parlamentar socialista, Florival Baiôa, representante do movimento Beja Merece +, mostrou-se agastado com as sucessivas promessas, sempre goradas, do poder central.

“Há uma certa descrença em relação aos políticos, o que dizem e o que fazem, e o que queremos é que eles façam. O dizer já não é suficiente, queremos mãos à obra e queremos obra feita”, afirmou.

Descrevendo a reunião como “cordial”, como outras antes desta, Florival Baiôa disse estar confiante de que vai ser possível avançar em breve, pelo menos, com a eletrificação da linha ferroviária e incluí-la já no Plano Nacional de Investimento, tal como dissera antes Carlos César.

Quanto ao resto, será preciso esperar, mas sem diminuir a pressão sobre o poder político, sugeriu. “As pessoas estão num desespero enorme. Pagamos os nossos impostos, temos o mesmo direito que o resto do país e ainda por cima estamos a subir a produtividade a níveis nunca antes tidos nesta região”, afirmou o líder do Beja Merece +.