Manifestação

Impedida tentativa de Macau mostrar solidariedade com Hong Kong

A manifestação que acabou por não se realizar em Macau seria feita “de pé, em silêncio” contra a “alegada violência da polícia em Hong Kong”, escreve o jornal “Macau News” <span class="creditofoto">Foto Willy Kurniawan / Reuters</span>

A manifestação que acabou por não se realizar em Macau seria feita “de pé, em silêncio” contra a “alegada violência da polícia em Hong Kong”, escreve o jornal “Macau News” Foto Willy Kurniawan / Reuters

Uma manifestação silenciosa e pacífica convocada para esta segunda-feira na Praça do Senado, em Macau, foi proibida. Não chegou a acontecer mas deu direito a dezenas de detidos. A Polícia de Segurança Pública de Macau quer evitar qualquer contágio dos “atos ilegais” que têm agitado Hong Kong

Texto CRISTINA PERES

Ho lat Sent, o candidato sem concorrência à chefia do Executivo de Macau, acredita que a polícia agiu de forma adequada na noite de segunda-feira na Praça do Senado, no centro de Macau, e que não há repressão no ar, comentou à imprensa esta terça-feira, citado no site da TDM Rádio de Macau.

Sen referia-se à manifestação que não chegou a haver, que tinha sido convocada para esta terça-feira com o intuito de demonstrar solidariedade para com os protestos de Hong Kong e que, mesmo não tendo acontecido, deu oportunidade a que a Polícia Judiciária detivesse 30 pessoas num parque de estacionamento.

Outras sete foram conduzidas para a esquadra do Corpo de Polícia de Segurança Pública, e destas, escreve a TDM, pelo menos três foram levadas porque a polícia acreditava que teriam intenção de participar numa reunião que àquela hora já era considerada ilegal. Três jovens, dois de Macau e um de Hong Kong, declararam aos jornalistas ter permanecido na esquadra durante cinco horas e meia onde foram questionados por se encontrarem na Praça do Senado e por terem participado na marcha de domingo passado, no território vizinho.

O destino das outras 30 pessoas é ainda desconhecido. Na sua maioria homens vestindo T-shirts brancas, 26 são de Macau, três da China e um é tailandês.

Na origem desta reação das forças de segurança esteve a tentativa de convocar uma manifestação para as 20h de segunda-feira para a Praça do Senado, usando os procedimentos legais. Seria uma manifestação “de pé, em silêncio” contra a “alegada violência da polícia em Hong Kong”, escreve o jornal “Macau News”.

A Polícia de Segurança Pública do território afirma ter tomado a decisão de proibir em conjunto com a Assembleia Local e de acordo com a Lei das Manifestações com a justificação que o “Macau News” avançava: “Uma vez que a referida assembleia tinha por objetivo exprimir apoio aos atos ilegais levados a cabo por manifestantes violentos” no território de administração autónoma vizinho.

EVITAR O EFEITO DE CONTÁGIO

Na conferência de imprensa regular, o chefe da Polícia de Segurança Pública, Wong Wai Chong, declarou que a polícia tinha investigado e concluído que “a organização da planeada assembleia queria expressar apoio às atividades ilegais em Hong Kong” o que, continuou, “poderia originar que alguns residentes de Macau copiassem o modus operandi dos manifestantes violentos e passassem a exprimir as suas opiniões e exigências de uma forma que violasse a lei de Macau”, lê-se no “Macau News”.

E se ainda restassem dúvidas, Wong revelou a pena em que incorreriam os manifestantes ileagis: quem o fizesse poderia ser acusado do crime de desobediência agravada que, de acordo com o Código Penal de Macau, é punido com multa ou pena de prisão até dois anos, escreve o “Macau Post Daily”.

Segundo o diário espanhol “El Mundo”, circularam fotos nas redes sociais do território, que à diferença de Hong Kong, está sob controlo de forças aliadas de Pequim, nas quais se viam pessoas obrigadas a alinhar com a cara virada para a parede.