Opinião
Nicolau Santosnsantos@expresso.impresa.pt
Farto do ordenado do presidente da Caixa
Há muitos, muitos anos, o saudoso Raul Solnado tinha uma música com uma letra irrisória que dizia o seguinte: “Ao meio-dia mesmo em ponto, senhor estou pronto, senhor estou pronto / ao meio-dia mais um quarto, senhor estou farto / senhor estou farto.” Pois também eu estou farto, fartíssimo, de andarmos a discutir há dias a fio o ordenado que vai ganhar o presidente da Caixa Geral de Depósitos e respetivos administradores.
É lógico que, num país em que a média salarial pouco excede os mil euros, ordenados de 30 mil euros brutos despertem irritações, indignações ou simplesmente invejas. É lógico também que se invoque o facto de se tratar de um banco público para defender que o salário deveria ser muito mais baixo e indexado aos salários do Presidente da República e do primeiro-ministro.
Vou então ser muito politicamente incorreto. Em primeiro lugar, o Presidente da República e o primeiro-ministro (e, já agora, os ministros e secretários de Estado) ganham muito menos do que deviam ganhar para a enorme responsabilidade que têm, que é governar bem o país sob o pesadíssimo escrutínio da sociedade e da comunicação social. Como dizem os americanos, quando se paga muito pouco não se pode exigir depois uma enorme qualidade.
SALÁRIOS MUITO ELEVADOS SÃO AQUELES EM QUE QUEM OS RECEBE NÃO ENTREGA NADA DE VOLTA – OU SÓ ENTREGA INEFICIÊNCIA E INCOMPETÊNCIA
Em segundo, o salário do novo presidente tem mãozinha do BCE, que manda cada vez mais no sistema financeiro nacional. E o BCE impediu que o salário não estivesse de acordo com a média do mercado. Logo, bem se pode atirar pedras ao Governo que não vai valer de grande coisa.
Em terceiro, apesar dos pesares, houve algum bom senso no salário de António Domingues: não obstante ir liderar o maior banco português fica a ganhar menos que os presidentes do Santander Portugal e do BPI e apenas um pouco mais que os presidentes do BCP e do Novo Banco. E vai receber, na prática, o que auferia como vice-presidente do BPI, instituição onde trabalhava.
Finalmente, salários muito elevados são aqueles em que quem os recebe não entrega nada de volta – ou só entrega ineficiência e incompetência. Quando Paulo Macedo foi escolhido para diretor-geral dos impostos, muita gente criticou o salário que ia auferir – na prática o que recebia no BCP, grupo a que foi requisitado. Pois bem: se o país dispõe hoje de uma máquina fiscal eficiente, capaz e respeitada (se não mesmo temida) deve-o por inteiro a Paulo Macedo. O que quer dizer que ele mereceu até ao último cêntimo tudo o que recebeu enquanto esteve à frente dos impostos.
Ora é isso que se espera de António Domingues: que tire a Caixa do buraco onde caiu. Se o conseguir fazer, tornando-a num banco moderno, dinâmico e inovador, merecerá todos os cêntimos que vai receber. Fim de conversa.
ALTOS
John John Florence
Surfista
Portugal torna-se por estes dias a 'meca' do surf mundial, com a penúltima prova do circuito mundial a decorrer em Peniche. Hoje mesmo, o havaiano que lidera o ranking deu mais um passo na conquista do seu primeiro título, depois de afastar o português Frederico Morais na terceira ronda da prova, e ao ver o seu principal rival na corrida pelo cetro de campeão, o brasileiro Gabriel Medina, ser eliminado da prova.
BAIXOS
José Peseiro
Treinador do Braga
A equipa bracarense conseguiu um ponto na sua deslocação à Turquia, na terceira jornada da fase de grupos da Liga Europa, mas continua fora da classificação para a ronda seguinte. Pior que isso, depois do jogo o presidente do clube, António Salvador, criticou duramente a atitude do Braga em campo. O espaço de manobra de Peseiro está claramente a diminuir.
Martim Silva