PRIMEIRA ANÁLISE À NINTENDO SWITCH
A consola que nos faz sentir os jogos (daquelas coisas que é preciso experimentar para acreditar)
É o gadget do momento e a Exame Informática já a experimentou. A Switch, a nova consola desdobrável e desmontável da Nintendo que é simultaneamente doméstica e portátil (confuso? explicamos tudo já a seguir), está quase, quase aí - Portugal incluído. O mundo tecnológico inteiro anda a falar disto e explicamos porquê
TEXTO SÉRGIO MAGNO, EXAME INFORMÁTICA
A Nintendo conseguiu uma vez mais surpreender meio mundo com uma consola de formato inovador com comandos com deteção apurada de movimentos e um sistema de vibração do tipo háptico que, literalmente, consegue fazer-nos jogar recorrendo apenas aos movimentos e ao tato. Ainda é cedo é para se saber se a Switch vai conseguir repetir o sucesso da Wii original, mas é evidente que o fabricante japonês está a tentar repetir a fórmula, pelo menos em parte, com uma forte componente de inovação no formato e nos comandos. Como é habitual, a Nintendo Europa não tem por hábito indicar preços recomendados, mas considerando os valores dados para outros mercados, a Switch deverá ter um preço base de 299 euros. Chega a 3 de março a Portugal.
Gotta admit, this looks awesome.. First Look at Nintendo Switch https://t.co/r8jzlZOXnN via @YouTube
— ThinkingOutLOUD (@JoeyDavid) 13 de janeiro de 2017
Fazer diferente
A grande inovação está no formato, que permite usar a Switch com consola doméstica, ligada a um televisor via uma docking station, ou como consola móvel, assemelhando-se a um tablet. E mesmo neste último modo há diferentes formas de controlar os jogos graças aos comandos destacáveis sem fios que permitem, por exemplo, colocar a Switch em cima de uma mesa enquanto jogamos. Dependendo dos jogos, os dois comandos Joy-Con podem funcionar como um único joypad para um jogador ou como dois comandos em modo multijogador. O que vem reforçar a componente mobilidade: num volume pouco maior que um tablet de 8 polegadas levamos uma consola e dois comandos que, como seria de esperar da Nintendo, integram deteção de movimento.
Mas a inovação dos Joy-Con não acaba aqui. O da esquerda tem um botão para fazer capturas de ecrã e o da direita é capaz de identificar Amiibo, as figuras da Nintendo que podem carregar personagens para jogos e até transportá-las para as consolas de amigos. Mais interessantes, ambos os Joy-Con incluem capacidade para deteção de movimento com um nível muito apurado que deverá ser usada para criar experiências inovadoras nos jogos. A Nintendo usou a título de exemplo o clássico jogo tradicional “pedra, papel ou tesoura”, nos quais os Joy-Con são capazes de identificar cada uma das opções através do movimento das mãos dos jogadores. Os comandos têm ainda um sistema de vibração definido como HD na medida em que o jogador será capaz de, por exemplo, sentir não só se alguém colocou gelo num copo, mas também quantas pedras de gelo foram colocadas. Mas já lá vamos.
Resolução muda para poupar bateria
Logo que o projeto Switch foi anunciado, levantaram-se dúvidas sobre a autonomia e resoluções dos jogos. Agora já se sabe que a tecnologia utilizada permite mudar de ecrã de modo contínuo, sem interromper os jogos. Em modo móvel, a resolução é de 720p, o que, considerando a nossa experiência, é mais que suficiente para alimentar com qualidade o ecrã com pouco mais de seis polegadas, que é tátil. A autonomia anunciada é entre 2h30 a 6 horas e o carregamento pode ser feito diretamente, através da porta USB ou na docking fornecida para ligar ao televisor (o carregador é fornecido). Quando ligada à docking, desaparecem as restrições energéticas, o que permite “acelerar” o processador e usar uma resolução mais elevada (1080p, Full HD), o que evita o efeito de “pixelização” quando se usar televisores maiores.
Primeiro contacto: melhor como portátil
Durante a apresentação à imprensa em Londres, tivemos a oportunidade de experimentar alguns jogos. Como sempre acontece com novas plataformas, as primeiras impressões podem ser enganadoras, já que o software ainda está em fase de otimização. Pelo que vimos e experimentámos, a capacidade gráfica está ao nível do que já é possível fazer com um tablet bem equipado em termos de processamento gráfico – o iPad Pro, por exemplo. O que não é mau, mas não vimos nada capaz de chegar aos gráficos dos jogos mais sofisticados para PlayStation 4 ou Xbox One.
Mas, ainda em termos de hardware, os comandos fazem toda a diferença. As capacidades de deteção de movimentos – através de acelerómetros e infravermelhos, os Joy-Con até são capazes de detetar a posição e formato da boca do jogador – e de vibração háptica são daquelas coisas que é preciso experimentar para acreditar. Por exemplo, no jogo “1-2-Switch” é impressionante como conseguimos quase garantir que há bolas metálicas a moverem-se dentro do comando num dos minijogos disponíveis (o jogador tem de tentar adivinhar quantas bolas existem numa caixa virtual que é simulada pelo comando).
Em “ARMS” percebemos como o movimento dos nossos braços, sobretudo a velocidade e inclinações, são fielmente reproduzidos no combate. A mais pequena mudança de ângulo do braço é recreada no jogo. Em “Zelda: Breath of the Wild” verificámos a robustez e velocidade de resposta dos sticks e botões. Aliás, não faltam controlos para usar, incluído os conhecidos “botões de ombro”.
Mas a reduzida dimensão dos Joy-Con tem consequências negativas em termos de ergonomia, sobretudo para jogadores com mãos maiores e quando jogamos com apenas um Joy-Con. Tudo é muito pequeno. Aliás, até o acessório que transforma o Joy-Con num volante que usámos em “Mario Kart 8 Deluxe” é muito mais pequeno do que o volante que já conhecíamos da Wii/Wii U. Mesmo quando unimos os dois Joy-Con para formar um joypad, continuámos a sentir alguma falta de conforto. Talvez seja apenas uma questão de hábito, mas duvidamos.
Bem melhor é a experiência de jogar com os comandos conectados diretamente à consola. De facto, nenhum tablet, com mais ou menos acessórios, oferece a ergonomia e a qualidade de controlo da Switch. De tal modo que nem faz sentido comparar a nova máquina da Nintendo com os tablets. A Switch é uma consola “a sério”.
Quando ligada à docking station, a resolução sobe dos 720p usados em modo portátil para 1080p. Mas, curiosamente, é neste modo que se notam mais as limitações gráficas. Não se trata de falta de píxeis, mas sim de limitações mais relacionadas com as luzes/sombras e texturas. Aliás, a edição do “Mario Kart 8” não nos parece trazer mais-valias gráficas relativamente à versão para Wii-U. E mesmo o mundo aberto de Zelda não pode ser comparado aos grandes títulos deste género já disponíveis para PC, Xbox One ou PS4. “Zelda: Breath of the Wild” é lindo, não pela exuberância do grafismo, mas sim pelo estilo gráfico aplicado pela Nintendo.
Vai convencer?
O teste decisivo fica agendado para março, quando a consola chegar ao mercado e quando for possível uma análise mais abrangente dos jogos. Pelo que vimos, a Switch tem características para convencer os gamers que procuram uma boa máquina portátil e os jogadores mais ocasionais, que valorizam sobretudo o fator diversão. Como a Wii, a Switch deverá garantir bons momentos em família e entre amigos. Neste campo, a experiência de jogar “Super Mario Kart 8” em rede com outras Switchs e os minijogos de “1-2-Switch” foram altamente positivas.