ENTREVISTA
Francisco George
“Não vacinar os filhos é como infligir maus-tratos”
O médico Francisco George faz 70 anos e vai deixar a Direção-Geral da Saúde no dia 20 de outubro, um dia antes de atingir o limite de idade para poder estar ao serviço do Estado
De saída da carreira pública por estar prestes a celebrar 70 anos, o diretor-geral da Saúde guarda na gaveta o discurso consensual. Antes de silenciar a voz que tantos conselhos deu aos portugueses, faz-se ouvir sobre o que realmente pensa numa entrevista ao Expresso deste sábado e que antecipamos parcialmente nesta edição do Diário. Revelamos algumas das mensagens que deixa na despedida e o testemunho da dor maior: perder num só momento a mulher e uma filha
Entrevista VERA LÚCIA ARREIGOSO Fotos NUNO BOTELHO
Aos 70 anos, os funcionários públicos têm de deixar de trabalhar para o Estado. No dia 20 de outubro chega a vez do médico Francisco George deixar a Direção-Geral da Saúde. Ficam 17 anos de luta contra o mal: do tabaco, do sal ou do açúcar.
Prestes a perder exposição e responsabilidades públicas, Francisco George diz alto para todos ouvirem que não vacinar é sinónimo de mau-trato e que entre os pais que o fazem, incluindo médicos, muitos “são mal informados, alguns pertencem a seitas e pensam que têm o direito de expor os filhos a riscos”.
Nem os deputados da Nação escapam à crítica. Em várias medidas que beneficiaram a saúde pública, os políticos “terão sido demasiados tímidos”, tendo vencido o bem-estar da economia.
O médico fala da infância, da admiração pelo pai de Álvaro Cunhal, da amizade de sempre com o ex-Presidente da República Jorge Sampaio e com o atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa. E critica Cavaco Silva.
Sobre a tragédia que teve na vida, perder num acidente a mulher e uma filha, que nesse dia fazia 31 anos, conta que os sonhos são uma das âncoras e matam-lhe as saudades. Para ler na íntegra este sábado, na edição semanal do Expresso.