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Células dendríticas

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A “princesa guerreira” perdeu a última batalha

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\n \n \n Luta Depois de tentadas as hipóteses de tratamento em Portugal, os pais levaram-na à Alemanha em busca de uma solução com as vacinas de células dendríticas \n\n \n
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Nonô, a princesa que vivia num mundo cor-de-rosa apesar do cancro contra o qual lutava há mais de um ano, faleceu ontem e gerou uma vaga de solidariedade nas redes sociais. O tratamento experimental que procurou na Alemanha não fez efeito

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TEXTO NELSON MARQUES FOTOS NUNO BOTELHO INFOGRAFIA ANA SERRA

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A morte, ontem à noite, da menina de cinco anos vítima de cancro gerou uma vaga de solidariedade nas redes sociais. Milhares de utilizadores do Facebook, entre os mais de 115 mil que seguiam a sua batalha contra o cancro através da página “Os Aprendizes da Leonor”, alteraram as suas fotos de perfil para uma imagem cor-de-rosa, a sua cor favorita. Foi nesta página, utilizada como forma de angariação de fundos para ajudar nos custos do tratamento na Alemanha, que a mãe, Vanessa, partilhou os avanços e recuos da doença e a notícia da sua morte.

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Leonor Coutinho foi, em Junho do ano passado, diagnosticada com um tumor bilateral de Wilms (um cancro renal), e depois de um tratamento em Portugal no IPO que incluiu quimioterapia agressiva, radioterapia e várias cirurgias foi tratada na Alemanha com o polémico tratamento da vacina com células dendríticas. Os pais, desesperados com os resultados obtidos pelas terapias convencionais, procuraram um polémico tratamento experimental na clínica alemã de Terapia Celular. Estavam desde 27 de Julho em Duderstadt, e a menina começou o tratamento com a primeira vacina a 12 de Agosto.

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A história de Leonor foi capa da Revista do Expresso em Novembro de 2013, num extenso trabalho sobre as polémicas vacinas preparadas com células do próprio doente, muito procuradas pelos portugueses. Neste trabalho, que abaixo republicamos, recolhemos relatos de casos de sucesso, mas também acusações de fraude e de abandono de pacientes.

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Leonor Coutinho, vítima de um tumor renal, na capa da Revista do Expresso há nove meses

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As vacinas da polémica

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Leonor Coutinho foi capa da Revista do Expresso a 30 de Novembro de 2013. Republicamos este trabalho sobre a sua história e o tratamento de vacinas com células dendríticas, que procurou na Alemanha. Uma terapia experimental que promete sucesso, mas que é alvo da desconfiança das autoridades médicas e da comunidade científica

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Vanessa ouviu o diagnóstico com as pernas a tremer e o coração a latejar na garganta. O ar fugia-lhe dos pulmões. Sufocava. Os médicos não traziam boas notícias: tinha sido detetada "uma enorme massa" em redor dos rins da filha. Vanessa não percebeu logo do que estavam a falar. Quis saber se era um tumor.

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A médica baixou os olhos, disse que sim. "Naquele momento quis ao mesmo tempo gritar, chorar, vomitar, tudo... Foi horroroso." Em menos de nada, Leonor entrou para ver os pais e saiu do colo deles para os braços dos médicos. "Parecia uma lagartixa a fugir. Só dizia: \'Ó mãe, não me deixes!\'" Vanessa não aguentou. Caiu prostrada, de joelhos, no corredor do hospital, num choro compulsivo. Nenhuma mãe está preparada para ouvir que um filho tem cancro.

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Nonô, como carinhosamente lhe chamam, tem quatro anos. É "a princesinha" dos papás, a mais nova de três irmãos: Henrique, o mais velho, tem 17 anos, Martim, o do meio, 14. A menina sempre fora saudável. "Nunca teve qualquer doença", garante Vanessa. "Nem varicela, nem sarampo, nem papeira, nada." Por isso, na noite de Santo António, quando Nonô se queixou de dores na barriga, o casal não lhe deu grande importância.

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Talvez fosse algo que a avó lhe tivesse dado para comer. Estavam já deitados quando a filha lhes entrou no quarto. "Mamã, dói-me a barriga", insistiu. Jorge tentou acalmá-la fazendo-lhe festinhas no ventre, para lhe tirar "o dói-dói".

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Estava duríssimo. Vanessa pensou logo que fosse uma hérnia umbilical como a que tem o seu irmão mais novo, mas, como a pequena parou de se queixar, foram todos dormir.

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No dia seguinte, Vanessa levou a menina ao hospital de Cascais.

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Na sala de espera, Nonô não parou quieta um segundo, como era habitual. "Esteve sempre a cantar a música \'Just Give Me a Reason\', da Pink". Podia lá estar doente...

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No consultório, a médica pediu à mãe para despir a filha e para lhe contar o que se passava. Depois de apalpar a barriga da menina, chamou outra médica, mais experiente.

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Era preciso fazer "já" uma ecografia, e depois mais exames. Vanessa ligou ao marido. Era melhor ele vir para o hospital, porque "algo se passava". Dois dias depois, já estavam no IPO, para iniciar as sessões de quimioterapia.

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Nonô tinha um tumor de Wilms (um cancro renal) bilateral, ou seja, que lhe afetava os dois rins: no direito, um tumor com mais de 16 centímetros; no esquerdo, um com oito. Era incrível como ainda tinha função renal, surpreenderam-se os médicos. Quase não havia espaço para os órgãos no abdómen.

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O tumor é relativamente raro: em Portugal, atinge cerca de dez crianças por ano. Surge sobretudo entre os três e os quatro anos, e geralmente há uma boa resposta ao tratamento - cerca de 90% dos pacientes sem metástases sobrevivem pelo menos cinco anos (o período durante o qual a probabilidade de recidiva é maior) -, mas o de Nonô tem um prognóstico bem menos favorável: está no estádio V, o mais grave, com metástases (mais de 30) nos pulmões.

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Vanessa não esquece as palavras da médica. "Explicou-nos que se fosse num adulto estava na hora de ir para casa e fazer as despedidas.

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Mas as crianças costumam responder melhor aos tratamentos." Os pais mentalizaram-se que estava na hora de ir à luta. Desistir não era uma opção.

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\n \n \n Batalhadora Nonô travou uma luta dura contra um cancro que metastizou para os pulmões, mas sempre de sorriso rasgado\n\n \n
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Nonô começou por reagir "de forma extraordinária" à quimioterapia.

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Numa única sessão, o tumor maior passou de 16 para sete centímetros, o menor para 3,8, e desapareceram muitas das metástases.

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"O sucesso foi tal que a médica decidiu retirar a droga mais agressiva, a doxorrubicina, que, quando administrada em grandes doses durante longos períodos, está associada a problemas cardíacos e a infertilidade no futuro", conta Vanessa.

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Mas, no final de 11 sessões de quimio, receberam um balde de água gelada: o tumor tinha parado de regredir e tinham surgido novas metástases nos pulmões.

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"Voltámos a ter medo pela vida dela", confessa Vanessa. No IPO, os pais ficaram a conhecer o caminho que se seguia: o protocolo ICE (as iniciais de três fármacos, a ifosfamida, a arboplatina e a etoposida) mais a doxorrubicina, uma abordagem usada nos adultos para tratar linfomas. Vanessa e Jorge ficaram "atordoados" com a possibilidade de ver a filha "prostrada" pelo tratamento. "Imaginámos a Nonô a levar morfina para as dores, a ser entubada para receber comida, a ficar isolada e ser completamente queimada por dentro, da boca até ao ânus. Sentimo-nos como se fôssemos levar uma ovelha para um matadouro." Tinha de haver outro caminho, pensavam.

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\n \n \n Safira Íris A sua história, publicada na revista Visão, inspirou centenas de portugueses a procurar as vacinas de células dendríticas, mesmo que seja hoje impossível dizer se fizeram algum efeito. Chegou à Alemanha já em remissão total \n\n \n
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O EXEMPLO DE SAFIRA

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A resposta chegou pouco depois.A diretora da escola de Nonô lembrou que uma colega da menina tinha passado pelo mesmo. A história tinha sido contada pela "Visão" e pela SIC. Safira Íris tinha tido aos quatro anos o mesmo tipo de cancro, mas num estádio menos avançado: a doença estava confinada a um rim e não havia metástases. Depois de quatro sessões de quimioterapia, foi-lhe extraído o rim direito e, com ele, todo o tumor. Mas o calvário estava apenas a começar.

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Analisado o tumor, este foi classificado como "de alto risco". Para diminuir a probabilidade de uma recidiva (ou seja, de o tumor regressar) era elevada. Por isso, eram necessárias 27 sessões de quimioterapia pós-operatória, com três drogas, incluindo a doxorubicina.

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Os pais de Safira não se conformaram com a solução proposta pelos médicos (o protocolo europeu nestes casos) e pesquisaram as alternativas disponíveis em todo o mundo. Gabriel Mateus e Gabriela Freitas são adeptos de uma vida saudável e o mais livre de químicos possível - Safira não fora sequer vacinada e, até ao aparecimento do tumor, só tinha tomado medicamentos homeopáticos. Desobedecendo aos médicos e ao tribunal- que, entretanto, havia decretado que a guarda da criança passasse, provisoriamente, para o IPO, para realizar o tratamento -, recusaram a quimioterapia e procuraram o médico britânico Julian Kenyon, que, dez anos antes, seguira uma menina australiana com a mesma idade e o mesmo tumor; os pais desta tinham recusado a quimioterapia pós-operatória e conquistado em tribunal o direito a escolher o tratamento para a filha.

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Kenyon, um controverso especialista em Medicina Integrativa- está a ser investigado pelo General Medical Council no Reino Unido, um processo que pode levar a que lhe seja retirada a licença (ver caixa) -, sugeriu um tratamento experimental na Alemanha: uma terapia assente em injeções de células dendríticas, em que células do próprio paciente, depois de manipuladas em laboratório, são reinjetadas no organismo para estimular o sistema imunitário a atacar o tumor.

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Safira recebeu em março deste ano a última vacina tumoral, embora os pais, se tiverem condições financeiras, desejem que continue a tomar reforços anuais pelo menos nos primeiros cinco anos, "e mesmo depois, por prevenção".

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Três anos após a cirurgia no IPO, continua em remissão completa.

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Gabriel nunca saberá se a vacina foi decisiva.O mesmo resultado poderia ter sido obtido com a realização de quimioterapia, um tratamento que, apesar dos efeitos secundários adversos, é ainda a melhor arma que a ciência dispõe no combate ao cancro. Ao rejeitá-lo, Gabriel aceitou dar um passo num terreno pantanoso, de grande incerteza.

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"Sabia que havia obviamente riscos. O primeiro é o de não ter efeitos, que é o mais dramático. Vivo diariamente com esse peso." É como uma espada de Dâmocles que lhe pende sobre a cabeça.

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TRATAMENTO CONTROVERSO E EXPERIMENTAL

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Mas, afinal, que tratamento é este que, depois de ser conhecida a história de Safira, motivou uma corrida de portugueses à Alemanha, um fenómeno que cresceu exponencialmente depois de, em junho, a TVI ter emitido uma reportagem sobre o assunto? Que foi desaconselhado pela Ordem dos Médicos, pela Direção-Geral de Saúde e pelo Infarmed, lembrando o seu caráter "experimental"? Que é olhado com desconfiança e ceticismo pela comunidade médica e científica ao mesmo tempo que se multiplicam nas redes sociais as campanhas de angariação de fundos para permitir a pacientes desesperados aceder a uma terapia que pode ultrapassar os 50 mil euros?

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A história das células dendríticas começou a ser escrita em 1973, quando foram descritas pelo biólogo e imunologista canadiano Ralph Steinman - o avanço valeu-lhe o prémio Nobel da Medicina, em 2011

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Para começar a responder a estas questões é preciso recuar quatro décadas. A história das células dendríticas começou a ser escrita em 1973, quando foram descritas pelo biólogo e imunologista canadiano Ralph Steinman - o avanço valeu-lhe o prémio Nobel da Medicina, em 2011, anunciado três dias depois do cientista ter falecido, vítima de cancro no pâncreas (ver caixa no final). Steinman descobriu que estas células de aparência pouco usual -a lembrar ramos de uma árvore - regulavam o sistema imunitário, ao programar outras células, os linfócitos T, para reconhecer e destruir os vírus, bactérias e até tumores. Este potencial, esperava o cientista, podia revolucionar o campo da imunoterapia celular contra os tumores.

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As características das células dendríticas faziam delas candidatas ideais para o desenvolvimento de vacinas terapêuticas - assim chamadas porque em vez de prevenir uma doença, são concebidas para fazer o sistema imunitário combatê-la. A revolução, porém, tem sido mais lenta do que se esperava. "É certo que é possível que o tratamento com células dendríticas venha a dar resultados. É um caminho promissor, mas que, por enquanto, se encontra em fase experimental", lembra Caetano Reis e Sousa, investigador português que lidera o Laboratório de Imunologia do Instituto de Investigação de Londres do Cancer Research UK.

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A maioria dos mais de 150 ensaios clínicos realizados desde 1996 com potenciais vacinas de células dendríticas para tratar diversos tipos de cancro sugerem que esta abordagem pode atrasar a progressão da doença e prolongar a sobrevivência de pacientes em estados avançados da doença, mas a sua capacidade de provocar a regressão do tumor tem sido, até agora, limitada, dizendo "respeito apenas a uma minoria de pacientes", defende um estudo publicado em julho na revista "Biology". Os autores Philippe Fournier e Volker Schirrmacher, do Centro de Investigação do Cancro da Alemanha, reconhecem, porém, que os ensaios clínicos mais recentes são geradores de um novo otimismo, já que demonstram que as células dendríticas "têm o potencial de induzir fortes respostas antitumorais e prolongar a sobrevivência de pacientes com cancro". A aprovação, em 2010, da primeira vacina com células dendríticas - o Provenge, para o tratamento do cancro da próstata - veio abrir uma nova era neste tipo de imunoterapia, ainda que o avanço não esteja isento de polémica, sobretudo devido ao custo-benefício do tratamento: custa quase 70 mil euros, garantindo, em média, mais quatro meses de vida.

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A Clínica para Terapia Celular, em Duderstadt, na Alemanha, foi a primeira a disponibilizar um tratamento experimental para tumores sólidos com vacinas de células dendríticas (uma outra clínica, em Colónia, seguiu-lhe entretanto os passos). A abordagem baseia-se no princípio de que estas células são capazes de alertar o sistema imunitário para atacar os tumores. Para isso, têm que ser “ensinadas” em laboratório a identificar as células cancerígenas. Apesar do tratamento não ter sido sujeito a qualquer validação científica, tem sido procurado por centenas de pacientes portugueses desesperados. Eis como se espera que funcione no melhor dos cenários.

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Duração do tratamento

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Inicialmente, a vacinação é repetida quatro vezes, com intervalos de um mês. Se forem produzidos resultados mas sem a regressão completa do tumor são necessárias mais vacinas mensais. Em caso de sucesso, podem ser aconselháveis inoculações de reforço com intervalos mais prolongados

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Efeitos secundários

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Não existe qualquer publicação sobre a segurança da terapia usada na Clínica para Terapia Celular, mas o conhecimento disponível sobre a imunoterapia com células dendríticas sugere que o tratamento é bem tolerado

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Segundo a clínica, os efeitos secundários são normalmente ligeiros. Podem incluir febre, dores de cabeça, cansaço, náuseas, diarreias e vómitos. Após a injeção, pode ocorrer inchaço e comichão. Em casos muito raros registou-se redução das plaquetas e anemia

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Há um risco teórico de choque alérgico, documentado num caso segundo a clínica. Alguns doentes desenvolveram artrite reumatóide. Registaram-se ainda casos de reativação de doenças autoimunes

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Em casos de tumores ou metástases no cérebro ou no fígado, o tumor pode inchar e provocar convulsões (nos tumores cerebrais). Em casos muito raros pode ocorrer uma deterioração rápida do tumor, com inundação do corpo por resíduos celulares tóxicos que podem causar danos nos rins

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Não é de excluir a possibilidade de se verificar um crescimento do tumor

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Custo

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As quatro vacinas de base custam 16.800 euros (4200 cada). Juntando viagens, estadia e outros atos médicos, os custos para o paciente oscilam entre os 30 e os 50 mil euros, ou mesmo mais, se forem necessárias mais vacinas. O tratamento não é comparticipado

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O ESTRANHO CASO ALEMÃO

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"A imunoterapia está finalmente a adquirir um conhecimento técnico que lhe irá permitir dar um salto no futuro, um conhecimento que não tinha há 10 anos", considera Gabriel Mateus, que fundou este ano o Projeto Safira, para ajudar os pacientes a "fazer escolhas mais informadas" e "facilitar o acesso" a estes tratamentos. "É uma solução promissora, mas ainda com tremendas limitações técnicas e económicas.

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Terá muito melhores resultados no futuro se usada numa fase muito mais precoce, com menor carga tumoral." Mas tempo é algo que muitos pacientes oncológicos não têm. E, quando as soluções da medicina convencional se esgotam, muitos estão dispostos a correr o mundo à procura de uma alternativa para se agarrarem à vida. Noutros tempos foi Cuba. Agora é a Alemanha, num efeito de contágio alimentado pela comunicação social. Primeiro foi a história de Safira, mais recentemente a reportagem da TVI, "As Células da Esperança", muito criticada por vários médicos e até por pacientes. Numa carta enviada ao bastonário da Ordem dos Médicos, a presidente do Colégio de Oncologia, Helena Gervásio, qualificou o trabalho de "despudorada publicidade" e considerou que este "prestou um péssimo serviço público" porque descuidou aspetos importantes. "Concretamente, escondeu da opinião pública que o tratamento não foi sujeito à avaliação científica exigível." Contactada pelo Expresso, Gervásio considerou urgente "obviar esta corrida desmedida que se tem registado, à custa do endividamento de muitas famílias" e esclarecer a população que se está perante uma terapia que, "anunciada como \'milagrosa\', tem muitos passos a cumprir para se considerar válido e recomendável".

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A vacina é produzida a partir das células do sangue do paciente, que depois são exposta sem laboratório a células cancerígenas ou antigénios tumorais, bem como a outros químicos que as transformam em células dendríticas. Ao fim de uma semana, as células são injetadas de novo no doente

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Safira fez o tratamento na Clínica para Terapia Celular, em Duderstadt, uma pequena localidade no estado da Baixa Saxónia, no noroeste da Alemanha. A clínica foi fundada por Thomas Nesselhut, um doutorado em Medicina Experimental e ex-diretor do Laboratório de Imunologia de Tumores da Clínica Ginecológica da Universidade de Göttingen, onde estudaram e lecionaram vários prémios Nobel. Nesselhut trabalhou com Hinrich Peters, que, nos anos 90, publicou a técnica laboratorial para desenvolver células dendríticas a partir de monócitos e, desde 1999, trata pacientes na sua clínica recorrendo a vacinas com células dendríticas. Peters, já jubilado, permanece como consultor da clínica.

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A vacina é produzida a partir das células do sangue do paciente, que depois são exposta sem laboratório a células cancerígenas ou antigénios tumorais, bem como a outros químicos que as transformam em células dendríticas. Ao fim de uma semana, as células são injetadas de novo no doente, na esperança que provoquem uma resposta imunitária às células tumorais (ver infografia).O protocolo é adaptado a cada paciente e pode ser combinado com outras terapias, como a hipertermia (aumento da temperatura corporal) e outro tratamento experimental, as injeções de células gama-delta, um subgrupo de linfócitos T comum importante papel na resposta imunitária. "Baseada em investigações recentes, a combinação com certos tipos de quimioterapia também é possível e pode aumentar a eficácia da terapia", admite Dagmar Marx, que lidera o laboratório da clínica.

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Apesar de experimental, o tratamento gozou de uma abertura na lei alemã que permite ao médico desenvolver uma terapia específica para um paciente. "De um ponto de vista legal, é comparado a um procedimento médico e não a um medicamento prescrito, razão pela qual não precisam de aprovação das autoridades de saúde", esclarece Katrin Mugele, da Sociedade Oncológica Alemã, entidade que emitiu uma declaração a desaconselhar o recurso à terapia. "Percebemos que este tratamento poderia estar a ser promovido e aplicado por algumas \'ovelhas negras\', que o oferecem a preços elevados e prometem altas taxas de sucesso ainda que não existam estudos que as suportem."

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ATACAR O CANCRO COM TODAS AS ARMAS

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O cancro é um inimigo ardiloso que se esconde e ataca quando menos se espera. Mesmo quando bate em retirada, não se pode nunca cantar vitória, pois ele pode estar só a reagrupar as tropas para atacar com mais força. Por isso, em novembro de 2011, quando a Sérgio Grilo foi diagnosticado um tumor no pâncreas, o ator - que, entrou em telenovelas como "Morangos com Açúcar", "Floribella" e, mais recentemente, "Mundo ao Contrário"-sabia que o esperava uma luta sem tréguas. E, para a vencer, todas as armas, químicas e biológicas, eram permitidas.

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O tumor tinha sido diagnosticado numa fase precoce: não havia metástases e o prognóstico "era positivo", recorda a viúva, Anabela Gonçalves. Sérgio não queria só vencer a doença, queria derrotá-la por KO. Queria "viver muitos anos", ver os filhos crescer, dar banho aos netos, envelhecer ao lado do amor da sua vida. O plano foi traçado depressa: depois da cirurgia para retirar o tumor, faria quimio e radioterapia e, quase em simultâneo, as vacinas na mesma clínica de Safira. Estava otimista que a estratégia o ajudaria a livrar-se do "bicho", como lhe chamava. Sérgio nunca chegou a completar as quatro vacinas propostas em Duderstadt. Desistiu depois da terceira, quando viu que a terapia não estava a resultar: o cancro tinha metastizado nos pulmões.

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Mais tarde, após a reportagem da TVI ter ido para o ar, deixou o seu testemunho no Facebook: "Espero que o tratamento com células dendríticas tenha salvo muita gente, a sério... A mim levou-me muito dinheiro e não me resolveu o problema! A questão é: está a dar-se um destaque televisivo brutal a este tratamento alternativo. Mas será que funciona? Não quero retirar às pessoas a esperança no tratamento, mas acho importante não se iludir quem está em situação vulnerável, precisa de ajuda, e luta com a doença." Anabela garante que, apesar de desiludido, Sérgio nunca se arrependeu da decisão. "Ele ter-se-ia arrependido se não tivesse tentado tudo. Sempre disse que o que não funcionou com ele podia funcionar com outras pessoas." O tumor acabaria por regredir, depois de Sérgio ter decidido fazer só quimioterapia, mas, entre avanços e recuos, o ator nunca mais se livrou do "bicho". Morreu no passado dia 12. Tinha 40 anos.

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Ruben Rego Procurou nas células dendríticas, combinando com quimioterapia, o tratamento para o tumor ósseo no braço \n

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UMA VIDA VIRADA DO AVESSO

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A verdade mais cruel é que, no tratamento do cancro, não há garantias.

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Mas, quando a vida nos foge entre as mãos, quando nos tiram a esperança, vai-se à procura dela onde a ofereçam. Não é um ato racional, é um ato de fé. Foi isso que Ruben Rego pensou quando ouviu a médica dizer-lhe que a quimioterapia que estava a fazer não estava a resultar e que não tinha "nenhuma mais forte para lhe oferecer".

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Quando, numa manhã de primavera de 2012, Ruben acordou com uma dor no braço esquerdo estava longe de imaginar que a sua vida ia dar um grande trambolhão.

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"Pensava que era um mau jeito, que ia passar." No médico de família e nas urgências do hospital de Cascais, o jovem de 18 anos recebeu sempre a mesma receita: um anti-inflamatório "que isso logo passará". Um dia, assustou-se ao ver o braço muito inchado, com "um papo alto". Desta vez, já não o mandaram para casa. Depois de uma ecografia, fez uma ressonância magnética, mais tarde uma biopsia. O resultado não deixava dúvidas: era um sarcoma de Ewing, um tumor ósseo. Ruben ouviu o diagnóstico da boca da médica do Hospital da Estefânia. Quando esta pronunciou a palavra maldita, o jovem gelou. "Não tinha grande noção do que era, achei que podia ser um tumor mas benigno, daqueles de operar e retirar. Nunca pensei que podia ser cancro." A médica confirmou que era "um dos piores que existia". Nos pacientes com metástases só 25% a 30% sobrevivem mais de cinco anos.

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Os olhos azuis de Ruben inundam-se de lágrimas quando fala da doença. Depois da quimioterapia não produzir os efeitos desejados, os médicos viraram-se para a radioterapia, sem grande esperança. "Não esperavam grandes resultados. Disseram que não costuma reduzir muito os tumores", conta Ruben. Filho e mãe desesperavam. Foi então que o professor de Educação Física dele lhe falou das vacinas com células dendríticas na Alemanha.

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Daí à criação de uma página no Facebook para angariar fundos foi um pequeno passo. Poucos dias depois, um mecenas ofereceu 50 mil euros para o tratamento. "É o nosso anjo", afirma Sandra, comovida.

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Apesar de várias vacinas com células dendríticas - uma no Centro Médico de Colónia, cinco na Clínica para Terapia Celular, em Duderstadt, onde tem feito outros tratamentos complementares, como injeções com células gama-delta da mãe -, Ruben não tem tido "os resultados pretendidos". Após a primeira vacina, o tumor "ainda regrediu 20 por cento", mas depois começou a crescer de novo. Há um mês, o adolescente foi operado para o retirar. "Mesmo não ajudando na doença, porque já tenho metástases [nas duas pernas e numa vértebra], vai dar-me mais qualidade de vida." Agora, a família decidiu tentar uma nova abordagem: conjugar as terapias em Duderstadt com a quimioterapia em Portugal. "Para nós, desistir está fora de hipótese. Continuamos a acreditar no tratamento da Alemanha", garante Sandra.

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UM MÉDICO NA MIRA DA JUSTIÇA

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Escolheram primeiro o Centro Médico de Colónia (CMC) porque ouviram falar da história de Silvino Alpuim, um rapaz de 16 anos com o mesmo tipo de tumor e que estava a ser tratado lá. Partiram com a mala cheia de esperança, mas Ruben só fez uma vacina. "Num mês, deixámos lá 15 mil euros. Não tínhamos apoio nenhum. Quando chegámos, o Ruben queixava-se de uma dor na virilha. Os médicos disseram que não havia problema, mas a dor na virilha aumentou muito. Tivemos que ir à urgência de uma clínica local e ele teve que tomar morfina. Nessa clínica desacreditaram completamente o CMC. Mandaram um email a oncologistas portugueses a aconselhar que não fossem mandadas pessoas para lá." No email, dirigido a Maria João Gil da Costa, pediatra do Hospital de São João, e outros colegas, Thorsten Simon, do Hospital Pediátrico da Universidade de Colónia, relata o caso de, pelo menos, dois pacientes que deram entrada nas urgências daquele hospital com "sintomas de progressão da doença" depois de tratamentos de vacinação com células dendríticas e hipertermia (tanto a clínica de Colónia como a de Duderstadt funcionam em regime de ambulatório, pelo que, em caso de emergência, os doentes, muitas vezes sem falarem alemão ou inglês, têm que recorrer aos hospitais locais). "Um dos pacientes", conta Simon, "teve que ser transferido para Portugal em avião-ambulância a expensas da família e morreu no dia seguinte". Os dois casos, admite o médico, "são provavelmente a ponta do icebergue".

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Os críticos do Centro Médico de Colónia acusam-no de vender ilusões sem suporte científico e de apresentar números completamente irrealistas

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O CMC é liderado por Robert Gorter, um médico holandês (sem especialidade em oncologia) que tem cada vez mais detratores. Os críticos acusam-no de vender ilusões sem suporte científico e de apresentar números completamente irrealistas. Dagmar Marx dá um exemplo: "O Dr. Gorter afirma ser capaz de produzir uma remissãoem 48% dos pacientes com glioblastoma multiforme (o tumor cerebral mais comum). Ninguém em todo o mundo apresenta tais resultados." Gorter também afirma muitas vezes que o tratamento é comparticipado em muitos países, o que não é verdade - em Portugal, tal como na Alemanha, o Estado não suporta despesas com tratamentos experimentais; a única exceção recente, revela Nuno Miranda, da Direção Geral de Saúde, foi um paciente incluído num protocolo em curso, "desenhado para um ensaio clínico controlado", num hospital universitário em Lovaina, na Bélgica.

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Gorter-que diz ter superado ele próprio um carcinoma no testículo direito, há 40 anos, recusando a quimioterapia e tratando-se através do seu sistema imunitário, algo que nunca comprovou - aprendeu a técnica da vacinação com células dendríticas com Peters e Nesselhut, mas desenvolveu depois o seu próprio protocolo.

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Em 2009, depois de uma entrevista ao Expresso onde afirmava conseguir "60% de respostas" em pacientes que já haviam tentado tudo, o holandês solicitou uma reunião com o diretor clínico do Hospital da Luz, José Roquette. O objetivo era sondar a possibilidade de estabelecer uma parceria com o hospital lisboeta, mas, depois do encontro, o médico foi incapaz de apresentar qualquer estudo que comprovasse os resultados mencionados. Por esse motivo, "o assunto não voltou a ser abordado", confirmou Roquette.

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As críticas a Gorter chegam também de antigos colaboradores.

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Kees Braam é jornalista freelancer e autor do site kanker-actueel.nl, com notícias sobre tratamentos complementares, não tóxicos, para o cancro. Durante três anos e meio realizou os vídeos sobre os casos de sucesso de Gorter, que incluem o da pintora portuguesa Fátima Galamba, de 58 anos, que está há cinco anos em remissão total de um cancro da mama metastizado depois de ter sido tratada na clínica de Colónia, com células dendríticas e hipertermia. No ano passado, Braam colocou no site uma extensa nota onde explica porque deixou de confiar em Gorter - apesar de continuar a acreditar no tratamento com células dendríticas- depois de ter recebido imensas queixas de doentes, que acusam o médico holandês de abandono e até de logro. "Se tudo corre bem, Gorter exibe os bons resultados. Quando os resultados são menos positivos, os pacientes são despachados. É um comportamento indigno de um médico", escreve.

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O jornalista junta-se ao coro daqueles que consideram que o que Gorter promete é demasiado otimista. "Um comentário comum nas suas consultas é: \'Vamos comemorar juntos o seu 88º aniversário\'.

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Diz que o faz para criar uma atmosfera favorável e para criar esperança, mas para um paciente que ouviu que o seu cancro era intratável, muitas vezes comum a expectativa de vida de até um ano, isso dá falsas esperanças." Braam sublinha ainda que, apesar das recorrentes promessas, Gorter nunca apresentou qualquer estudo que apoie as suas estatísticas.

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"O que se está a passar na Alemanha com estes tratamentos usando células dendríticas é uma charlatanice", afirma Carlos Caldas, docente no Departamento de Oncologia na Universidade de Cambridge

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Na nota, o médico é ainda acusado de falsificar faturas para tentar caçar dinheiro a antigos pacientes e familiares de doentes falecidos, um facto de terá levado um grupo de pessoas a unirem-se para apresentar um processo contra o holandês. O jornalista acrescenta ainda a alegada queixa da família de um doente egípcio que, depois de se ter sentido mal durante o tratamento, "teve que ser transportado para um hospital do Cairo, onde morreu meses depois".

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O caso, revela Braam, está a ser investigado pelo Ministério Público. O governo distrital de Colónia confirmou ao Expresso que decorre naquele organismo um processo administrativo de averiguações relacionado com a atividade do CMC e que está também a decorrer uma investigação no Ministério Público de Colónia. Até ao fecho desta edição, não foi possível obter qualquer informação sobre os referidos processos.

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"O que se está a passar na Alemanha com estes tratamentos usando células dendríticas, não há que ter medo de dizê-lo, é uma charlatanice", considera Carlos Caldas, docente no Departamento de Oncologia na Universidade de Cambridge e investigador no Cancer Research UK. "Estão a aproveitar-se de pessoas desesperadas com um tratamento que não tem base científica praticamente nenhuma. Portanto, é extremamente improvável que ofereça algum benefício."

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MÃE CORAGEM

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Na viagem de avião para a Alemanha, Vanessa e Jorge quase não se falaram. A angústia sobre a saúde de Nonô calava-lhes a voz. "Não queríamos dizer aquilo em que estávamos a pensar porque muitas vezes o que pensávamos é que tinha acabado", conta Vanessa. No dia anterior, ao telefone, tinham sido avisados que teriam que aguardar quatro meses por uma consulta - depois da reportagem na TVI, a clínica de Duderstadt deixou de ter capacidade para responder a tantas solicitações. O casal ignorou o aviso e meteu-se num avião. Esperar não era opção.

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À chegada à clínica, Vanessa avisou que não sairia sem ser ouvida. Voltou na manhã seguinte, já com consulta marcada. "Na sala de espera, em dez pessoas só uma era alemã. O resto eram todos portugueses." Depois de analisar o caso de Nonô, Nesselhut recomendou que a menina fizesse primeiro o protocolo proposto pelo IPO. "Foi muito humilde e disse-nos que as hipóteses de cura aumentam com a redução do tumor, e que isso poderia ser feito em Portugal, sem custos para nós. A última cartada em Lisboa ainda não tinha sido jogada.

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É a razão pela qual não estamos ainda a fazer as vacinas." Leonor terminou a quimioterapia proposta pelo IPO de Lisboa dias antes de ser fotografada pelo Expresso. Esta semana realizou uma TAC e uma ressonância magnética para avaliar o estado do tumor. Seja qual for o resultado, vai voltar à Alemanha para realizar o tratamento com células dendríticas. "Se a quimioterapia não tiver produzido os resultados esperados, não temos alternativa senão ir. Mesmo que - Deus queira! - se consiga uma remissão total, vamos lá para \'limpar\' tudinho." De que vale a ciência perante a fé de uma mãe?

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